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A DOENÇA MORTAL NOS OBRIGA A RECONHECER QUE SOMOS MORTAIS

Paramentos Litúrgicos

“A primeira coisa que nos perturba nessa doença é que ela cai sobre nós sem nenhum aviso e num momento em que nós não decidimos. Estamos à mercê dos acontecimentos e não podemos fazer outra coisa senão aceitá-los. A doença grave nos obriga a reconhecer que somos mortais. Ainda que a morte seja a coisa mais certa desse mundo, o homem moderno é levado a viver como se não fosse morrer nunca.

Com a doença, comprendi pela primeira vez que o tempo de vida aqui nesse mundo é como um sopro. Senti toda a amargura de não ter sido aquela obra-prima de santidade que Deus esperava de mim, experimentei uma profunda nostalgia pelo bem que poderia ter feito e o mal que poderia ter evitado. Olhei para o Crucifixo e compreendi que ele é o coração da fé: sem sacrifício não existe Catolicismo. Então agradeci a Deus por ter me feito Católico, um Católico “pequeno, pequeno”, um pecador, mas que tem na Igreja uma mãe primorosa. Portanto, a doença é um tempo de graça, embora frequentemente os vícios e as misérias que nos acompanharam por toda a vida permanecem, e em alguns casos até se exacerbam. É como se a agonia já tivesse iniciado lutando contra o destino da minha alma, já que ninguém está seguro da sua própria salvação.

Por outro lado, a doença também me fez descobrir uma quantidade impressionante de pessoas que me querem bem e rezam por mim, de famílias que se reuniam à noite com as crianças pra rezar o rosário pela minha cura. Não tenho palavras pra descrever a beleza dessa experiência que é uma antecipação do amor de Deus desde toda a eternidade.

A dor maior que eu sinto é a idéia de ter que deixar esse mundo que eu amo tanto, que é tão belo embora tão trágico. Ter que deixar tantos amigos, os parentes e sobretudo ter que deixar minha esposa e meus filhos que ainda estão em tenra idade.

Às vezes eu imagino a minha casa, o meu escritório vazio e a vida que ali prossegue embora eu não esteja mais lá. É uma cena que me dói, mas extremamente realística porque me faz compreender quem sou eu, e percebo que tenho sido um servo inútil, que todos os livros que eu escrevi, todas as conferências, todos os artigos são como palha. Mas eu confio e espero na misericórdia do Senhor e no fato de que outros colherão parte das minhas aspirações e de minhas batalhas para continuarem o antigo combate”. Mario Palmaro – Tradução: Gercione Lima

 

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Por Rorate-Caeli | Tradução: Fratres in Unum – Mario Palmaro, grande advogado católico tradicional italiano, bioeticista e professor, que, devido, às circunstâncias atuais na Igreja foi compelido a se tornar um escritor de opiniões fortes (frequentemente, com seu amigo íntimo Alessandro Gnocchi), e apresentador de rádio, faleceu ontem no final do dia aos 45 anos de idade, após meses de sofrimento.

Palmaro, cujos escritos e palavras haviam sido uma presença luminosa nos anos de Bento XVI, fora despedido da Radio Maria por causa de um artigo sobre o pontificado atual publicado em Il Foglio. Seu último artigo principal, publicado em janeiro, era uma convocação para pegar nas armas: "O NOSSO PROBLEMA É A IGREJA CATÓLICA E O SEU SILÊNCIO".

Ele deixa esposa e filhos.

Requiescat in pace

 

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