Doutrina

A IGREJA CATÓLICA – Corpo Místico de Cristo

Paramentos Litúrgicos

A Igreja é também, chamada de “Corpo Místico de Cristo”. Corpo que tem em Jesus sua Cabeça Invisível e, no Papa, a cabeça visível. O Papa é a representação visível de Cristo (não há duas cabeças). O Papa é infalível por haver uma só cabeça – a de Cristo.

O divino Redentor governa o seu corpo Místico de modo visível e ordinário, por meio de seu Vigário na terra. Nosso Senhor, depois de ter, durante a sua carreira mortal, governado pessoalmente e de modo visível o seu ‘pequenino rebanho’ (Lc 12, 32), quando estava para deixar este mundo e voltar ao Pai, confiou ao Príncipe dos Apóstolos o governo visível de toda a sociedade que fundará.

Porém Pedro, não é senão Vigário de Cristo, e por isso a cabeça principal deste corpo é uma só: Cristo, o qual, sem deixar de governar a Igreja misteriosamente por si mesmo, rege-a, também, de modo visível, por meio daquele que faz as suas vezes na terra; e assim a Igreja, depois da gloriosa Ascensão de Cristo ao Céu, não está edificada só sobre Ele, senão também sobre Pedro, como fundamento visível” (Pro XII, 1947).

A doutrina do “Corpo Místico” é magistralmente exposta por S. Paulo em várias Epístolas (1Cor 12, 12); (Cl 1, 18); (Ef 5, 23); (Rm 12, 4-5); etc. E, em S. João, no capítulo 15, encontra-se as últimas exortações de Jesus. Ele diz, insiste, repete:

“Eu sou a videira e vós os ramos… Permanecei em mim e eu ficarei em vós”.

Fazem parte do Corpo Místico de Cristo: a Igreja Triunfante (constituída pelas almas que já se encontram no Céu); a Padecente (almas do Purgatório) e a Militante (nós, na terra). Como galhos da mesma árvore, vivendo da mesma seiva, como membros de um mesmo Corpo (a Igreja), ligados a Jesus, sua Cabeça, vivemos do mesmo Sangue – isso é a Comunhão dos santos – a união de todos, no Corpo, no Sangue, no Espírito.

No Céu, nossos irmãos santos intercedem por nós (2Mc 5, 4). A eles devemos rezar, pedindo-lhes proteção. No purgatório, também, nossos irmãos rezam por nós. Já não podem merecer para si mesmos porque, para isso, seu tempo já passou. Mas, enquanto, na dor, se purificam, beneficiam a todos os outros membros – e, dos outros (de nós), esperam ajuda. “É um santo e salutar pensamento rezar pelos defuntos, para que sejam libertados de seus pecados” (2 Mc 12, 46).

Na terra, somo a Igreja militante, isto é, a que luta, ainda, a caminho de seu destino, de sua integração perfeita, sua união completa em Cristo. A Igreja, na terra, pode ser, também, chamada de Igreja Peregrina, pois não temos, aqui, morada definitiva (Hb 13, 14). Nossa casa é a Casa do Pai. Louco é quem vive preocupado com “tesouros que as traças destroem”, em vez de se preocupar com o essencial: salvar a própria alma.

Nós, na terra, as almas do Purgatório e os santos no Céu formamos uma só família – a família de Deus. E todos os membros da Igreja – participam da comunhão dos santos, todos são ligados e podem ajudar-se. Poderosa é a oração do justo.

Deus teria perdoado Sodoma se lá vivessem dez justos (Gn 18, 32). Quanto melhor for cada um de nós, maior será o lucro de todos. “A alma que se eleva, eleva o mundo”. (Elisabeth Leseur).

Vejamos a comparação com o nosso próprio corpo. Quando tudo funciona bem, a saúde geral é boa. Mas basta uma dor de dente, para todo o corpo se ressentir. Poderemos, em consequência, Ter dor de cabeça, nervosismo, mau humor, indisposição, febre, etc.

E, se o dente melhora, tudo melhora. Assim acontece na sociedade. Como acontece no mundo espiritual, na Igreja, no Corpo Místico de Cristo. Os que vivem em pecado são membros doentes que prejudicam todo o corpo. Facilmente se percebe como os ladrões, assassinos, maus exemplos prejudicam a sociedade.

De modo mais profundo, embora menos visível, prejudicam a si mesmos. Porque no Reino Espiritual não é preciso que as coisas apareçam para produzir efeito. Nos membros doentes (pelo pecado mortal) não circula a seiva da “videira”, não circula o Sangue redentor – por isso eles são galhos secos, inúteis e prejudiciais, são membros mortos que podem, ainda assim, pertencer aos corpo da Igreja, mas não ao seu Espírito.

Quando um membro morto se reanima, isto é, quando se vivifica (pela graça), todo o corpo melhora.

Mesmo que ninguém veja, ninguém saiba daquela conversão.

No Céu (na Igreja Triunfante) há alegria, as almas do Purgatório (Igreja Padecente) e os homens na terra (Igreja Militante) – todos lucram.

Porque todos somos solidários – solidários em Adão, e muito mais, em Cristo.

Um santo que reze em seu quarto, um doente que ofereça a Deus seu sofrimento, o homem que faz de seu trabalho uma prece, são grandes benfeitores da humanidade.

Para a harmonia do corpo humano, como a do corpo social e religioso, é preciso que cada membro cumpra bem a sua função. “Se disser o pé: Pois que não sou mão, não sou corpo, porventura, por isso, não é do corpo? E se disser ao orelha: Já que não sou olho, não sou do corpo, acaso por isso não é do corpo? Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se fosse todo ouvido, onde estaria o olfato?

Eis, que, porém, Deus pós os membros no corpo, cada um deles como quis. Pois se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? (…) E não pode o olho dizer à mão: não preciso dos seus serviços; nem também a cabeça aos pés, não me sois necessários (…) De maneira que, se algo padece, um membro, todos os membros padecem com ele, ou se um membro é honorificado, todos os membros com ele se regorzijam”.

Em nosso corpo, cada membro tem sua função própria – e deve desempenhá-la bem, para harmonia e equilíbrio do conjunto. Assim, na sociedade. Os homens são diferentes. Não há duas pessoas iguais. Cada um tem suas tendências, sua vocação.

Seria um absurdo se todos fossem advogados ou se todos fossem médicos. São necessários os tecelões, as lavadeiras, cozinheiras, motoristas, mecânicos, farmacêuticos, etc.

O benefício é geral, para todos e cada um, quando, unido a todos, cada um cumpre bem a sua função. Todos são úteis, todas as profissões são boas e necessárias – o importante é exercê-las com Dignidade, como membro vivo, consciente e generoso.

Que cada um cumpra seu dever, sem complexos, sem recalques, mas com espírito de colaboração, com altruísmo, com amor. Dá-se o mesmo na sociedade religiosa, na Igreja. Cada um tem a sua missão, cada um recebe talentos – e todos são chamados à santidade (Ef 1, 4).

Não há vidas inúteis na família de Deus. Por isso, a Igreja é contra a eutanásia. Pessoas humildes, aleijadas, pobres, esquecidas e escondidas podem ser invisíveis usinas de força, focos de luz, colaboradoras permanentes e de importância vital para o Bem que circula no mundo.

O valor de nossa vida não está no lugar que ocupamos na sociedade (civil ou religiosa), mas na maneira como desempenhamos nosso papel, na medida em que estamos ligados ao Tronco, na medida de nossa união com a Cabeça, na quantidade de seiva que nos anima, na pujança do Sangue que nos santifica – é nessa medida que emprestamos beleza e vigor ao Corpo.

Na doutrina do Corpo Místico está a mais perfeita doutrina social, estão os mais belos princípios de convivência humana. Todos somos responsáveis.

Que cada um dê o melhor de si. E damos mais e melhor quanto mais e melhor vivemos unidos a Jesus Cristo, participantes de Seu amor.

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