A utilização equivocada do termo “empatia”
Vejam: Quem consulta a edição de 1890 do completíssimo “Diccionario da Língua Portugueza” de Antonio de Morais Silva nem encontra a palavra. Antonio Geraldo da Cunha, no “Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa”, revela que esta “tendência para sentir o que se sentiria na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa” é um termo técnico da psicologia cunhado no século XX.Percebam que se trata de uma técnica: O psicólogo transfere-se para uma situação alheia para CONHECÊ-LA e, dai, ordená-la.Atualmente, impõe-se à empatia o conteúdo de unir-se psicologicamente à situação de outro e legitimá-la. “Mas imagine que você está na situação dele, tenha um pouco de compreensão”. É o mote da psicologia moderna: Não se trata de ordenar o comportamento e os ânimos à virtude, mas de justificar e legitimar qualquer comportamento. Exclui-se a culpa e a responsabilidade. Admite-se o vício. O que importa é “não se cobrar” e ” ser feliz”. Claro, “cada um ao seu modo”.Não à toa nossa sociedade é doente na alma, e as almas individuais tentar desempenar-se a custo de muita química enfiada pelas goelas. A empatia veio substituir a compaixão, do mesmo modo que a dita “solidariedade” veio substituir a caridade.Porque a caridade é o amor perfeito, que acolhe E CORRIGE. A solidariedade é a mera manifestação de preocupação teórica. A compaixão nos impõe não apenas a situação alheia, mas o sofrimento alheio que fere a alma para que, conhecendo-o, identifiquemos o caminho que se estabelece do vício para a virtude – pois o remédio de todo vício é a virtude oposta.A empatia é uma zona neutra, covarde e cruel. Neutra, porque nos impõe nenhum dever de socorro; covarde, porque esvazia a caridade e conforta os pusilânime; cruel, porque abandona o próximo no erro, no vício e no pecado.Quem é você para julgar? Ora, não é preciso ser ninguém para julgar! Basta que se julgue POR MEIO DA RETA RAZÃO. E a razão, o bem, o belo, a verdade, são todos evidentemente objetivos.Só não vê quem é empático com o engano.
Por Caio Gasparini