Bispo egípcio: necessária mais segurança para igrejas e fiéis
CAIRO, quinta-feira, 12 de maio de 2011. Doze mortos e 200 feridos é o balanço dos dois ataques desse sábado contra igrejas da diocese de Gizé.
O bispo local, Dom Antonios Aziz Mina, afirmou que a polícia e o exército estavam “aterrorizados” e foram “lentos” em responder à emergência, no bairro cairota de Imbaba
Falando para a associação internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIN), o bispo pediu justiça e acusou os extremistas de querer precipitar o Egito numa guerra civil.
“Sem a ação da polícia e do exército, vai ser o caos, a anarquia total. O exército não vai se opor a quem faz isso. Quer ficar neutro. A polícia aparece, mas muito devagar. Os policiais estão aterrorizados. Não são fortes o bastante”.
O bispo, copta católico, descreveu a morte de um dos seus fiéis, Naashaat Rateeb, de 60 anos, e honrou a sua valentia reconhecendo-o como “o braço direito” do sacerdote copta católico local.
A violência do último sábado explodiu depois que 500 muçulmanos salafitas se reuniram diante da igreja copta de São Minas, onde acusaram os cristãos de sequestrar uma jovem supostamente convertida do cristianismo ao islã.
A jovem, esposa de um sacerdote ortodoxo, apareceu depois na televisão reafirmando sua fé cristã, mas os extremistas responderam dizendo que a mulher que procuravam era outra, em condições parecidas.
Segundo testemunhas, houve tiros e até lançamento de granadas. O exército egípcio declarou ter prendido 200 pessoas depois dos enfrentamentos e anunciou que elas passarão por um processo militar, com o objetivo de prevenir episódios semelhantes.
A outra igreja alvo da violência foi a copta ortodoxa da Virgem Maria.
Os militares aumentaram a segurança em torno às igrejas do Cairo. Para Dom Aziz, restabelecer a ordem não é suficiente.
“Não podemos ter paz e reconciliação sem que os responsáveis sejam entregues à justiça”, declarou. “Senão, a reconciliação é só um teatro e os problemas vão continuar”. A violência “é um peso grande demais para os cristãos”, completou o bispo.
Por sua vez, o cardeal Antonios Naguib, patriarca copta católico de Alexandria, confessou que a situação atual é “muito grave”, mas observou que o governo, guiado pelos militares, está começando a levar a sério o problema da violência extremista.
O bispo copta católico de Luxor, Dom Joannes Zakaria, afirmou que os fiéis não se deixam intimidar pelas ameaças.
“No fim de semana, eu fui celebrar a missa num dos nossos povoados e imaginei que iria achar as pessoas assustadas. Mas foram eles que me encorajaram. Não é próprio do nosso caráter nos render. No dia seguinte, nós juntamos os restos e começamos de novo. O povo está decidido a dar testemunho nos lugares em que vive”, concluiu.(Zenit)