Cardeal Burke diz que fiéis deveriam cumprir o preceito dominical apesar do coronavírus
Em uma declaração online, o católico conservador Cardeal Raymond Burke disse que o acesso à Missa e aos sacramentos não devem ser negados, ainda que o mundo enfrente a pandemia de coronavírus.
“Ao considerar o que é realmente necessário para viver, não devemos nos esquecer que a primeira preocupação é nos relacionarmos com Deus”, escreveu Burke em uma carta publicada em seu site no sábado (21 de março).
“Por isso é essencial, a todo momento e sobretudo em tempos de crise, termos acesso às nossas igrejas e capelas, aos Sacramentos e às devoções e orações públicas.”
O cardeal americano tem sido um forte crítico ao pontificado do Papa Francisco e esteve entre os quatro Cardeais autores da “Dubia”, um documento que questiona o Santo Padre a respeito de sua delicada abertura na permissão da comunhão para casais divorciados e em segunda união, na Exortação Apostólica “Amoris Laetitia”, de 2016.
Burke reside na Itália, onde ocorreu o surto mais mortal de coronavírus, superando a China. Milhares de pessoas morreram na Itália e mais de 60.000 estão infectadas.
Inicialmente, a conferência dos bispos italianos proibiu todas as Missas e reuniões religiosas em todo o país, a fim de aderir às medidas de segurança decretadas pelo governo.
O vigário de Roma, cardeal Angelo De Donatis, posteriormente permitiu que sacerdodes e clérigos agissem de acordo com a consciência, mantendo o distanciamento próprio de um a três metros.
Burke observou que, assim como as pessoas são capazes de ir às farmácias e supermercados, os fiéis “devem rezar em nossas igrejas e capelas, receber os Sacramentos e participar de atos de oração e devoção pública, assim saberemos que Deus está próximo a nós e permaneceremos próximos a Ele, e de maneira apropriada, invocaremos Sua ajuda.”
Muitos sacerdotes em todo o país têm procurado outros modos para a prática da fé católica e para manter uma proximidade com seu rebanho, especialmente através do uso das mídias sociais e transmissões ao vivo. Outros, ao invés disso, colocam-se na linha de frente, administrando os sacramentos aos doentes e moribundos ou atendendo às necessidades dos hospitais locais.
“Não há dúvida de que os grandes males, tais como a peste, são um efeito do pecado original e dos nossos atuais pecados. Deus, em Sua justiça, tem de reparar a desordem que o pecado introduz em nossas vidas e em nosso mundo”, escreveu Burke.
O cardeal criticou a cultura “pop” por estar tão distante de Deus, dando exemplos como o aborto, a eutanásia e “o permissivo ataque à integridade da sexualidade humana”.
“Com uma enorme preocupação, testemunhamos o devastador efeito da chamada ‘teoria de gênero’ sobre os indivíduos e as famílias’, escreveu ele.
Burke convocou os sacerdotes para continuar a celebração da Missa, mantendo a necessária distância entre os fiéis. Ele explicou que o confessionário e a própria igreja, em sua opinião, poderiam ser higienizados com facilidade pelo clero ou pelos membros mais diligentes da comunidade católica.
“Nós simplesmente não podemos aceitar as determinações dos governos seculares, que tratariam o culto a Deus do mesmo modo que vão a um restaurante ou a um campeonato de atletismo”, escreveu.
“Nós, bispos e sacerdotes, precisamos publicamente explicar a necessidade dos católicos rezarem e cultuarem a Deus em suas igrejas e capelas, e caminharem em procissão pelas ruas e locais públicos, pedindo a Deus a benção sobre Seu povo que agora sofre tão intensamente.”