CINCO MENTIRAS SOBRE O DOM DE LÍNGUAS: Contadas pelos carismáticos e pentecostais
Dilexisti omnia verba præcipitationis; lingua dolosa. Propterea Deus destruet te in finem; evellet te, et emigrabit te de tabernaculo tuo, et radicem tuam de terra viventium. / Amas todas as palavras de ruína, ó língua enganadora. Por isso Deus te destruirá para sempre, arrancar-te-á e transplantar-te-á a ti da tua morada: E à tua estirpe da terra dos viventes.
Salmo 51, 6-7.
Et infirmatæ sunt contra eos linguæ eorum. / E as suas línguas perderam a força, voltando-se contra eles mesmos.
Salmo 63, 9..
As línguas que os carismáticos e pentecostais falam em suas aglomerações não são as “línguas dos anjos”, que – pelo simples fato de o serem – não as tem, mas são aquelas línguas de mentira e de engano dos inimigos de Deus, um sinal da infidelidade dos homens aos seus preceitos.
As línguas dos carismáticos e pentecostais não são gemidos inefáveis do Espírito Santo que ora em nós, ao contrário do que dizem eles, mas são uma verdadeira macaquice ou dissimulação de língua e de oração, em que sons da língua nativa do falante são ritmados e combinados de uma tal maneira a dar a impressão que a pessoa está falando um idioma diferente do seu, quando na realidade carece, ao fazê-lo, de todos os sinais de uma verdadeira língua e, principalmente, carece de sentido, não sendo oração propriamente dita, que é – como ensina o Catecismo – uma elevação da alma, ou seja, de nossa inteligência e vontade, a Deus, algo que tem que ter significado para ser uma verdadeira oração.
As línguas dos carismáticos, enfim, não são uma prática cristã, nascida entre os santos de Deus, mas uma prática pagã, que depois de cerca de 1900 anos de Cristianismo, renasce entre os hereges pentecostais americanos, uma geração perdida e apodrecida depois de mais de trezentos anos de protestantismo, chefiada por gente de doutrina pervertida e de costumes duvidosos.
Proponho, neste artigo, demonstrar isso e algumas outras coisas, expondo cinco mentiras da seita carismática e pentecostal sobre o dom de línguas.
1.ª Mentira sobre o Dom de Línguas. O Dom de Línguas é a Língua dos Anjos.
Os carismáticos interpretam os ruídos que emitem como as línguas dos anjos, mencionadas na Bíblia uma vez só, a saber, na Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo 13, versículo 1, onde o Apóstolo diz: Se eu falar as línguas dos homens, e dos Anjos, e não tiver caridade; sou como o metal que soa, ou como o sino que tine.
No entanto, o contexto da passagem – uma sequência de hipérboles usadas para enfatizar e exaltar o valor da caridade – e a própria natureza dos anjos (inteligências puras e sem corpo) manifestam o quão herética e alheia ao espírito católico é a interpretação carismática.
Cornélio a Lapide, provavelmente o maior exegeta católico dos tempos modernos, em comentário a essa passagem, desmonta essa mentira carismática com as seguintes palavras:
Línguas dos anjos aqui não se refere a línguas sensíveis, como quer Caetano, ou seja, tais línguas são os mesmos conceitos angélicos, perfeitíssimos e belíssimos. Ou línguas dos anjos é certamente uma prosopopeia e uma hipérbole, isto é, denota uma língua sublime. Assim comumente dizemos: ‘Ele fala divinamente’; por uma hipérbole semelhante se diz ‘rosto de anjo ou angelical’, isto é, belíssimo. Assim falam Teodoreto e Teofilato, pois, como se sabe, os anjos são os mais belos em si mesmos e se mostram assim, tanto no semblante quanto na voz, quando assumem um corpo. Portanto, Paulo aqui, como em outros lugares depois, fala por uma suposição, principalmente por uma questão de ênfase [ex hipothesi, maxime emphaseos causa]. Seu significado é: Se houvesse línguas de anjos sobre-humanas, que superassem o hebraico, o grego, o latim, e eu as conhecesse, mas ainda não as usasse para o bem do meu próximo, que outra coisa seria senão uma loquacidade vã e barulhenta [inanis et obstrepca loquatitas]? (1)
Atenção: Ele disse “loquacidade vã e barulhenta”, eu pergunto: existe melhor definição para o falso dom de línguas carismático?
2.ª Mentira sobre o Dom de Línguas. O dom de línguas ou glossolalia é incompreensível, porque não se dirige aos homens, mas a Deus.
Os hereges carismáticos e pentecostais, mais uma vez, tirando uma frase bíblica do seu contexto e desviando-se do sentido comum e tradicional, interpretam erroneamente as seguintes palavras do Apóstolo São Paulo, contidas em sua Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo 14, versículo 2, onde ele diz: Porque o que fala uma língua desconhecida, não fala a homens, senão a Deus: Porque nenhum o ouve, e em Espírito fala mistérios.
Segundo eles, essa língua desconhecida e não compreendida pelos homens é aquela loquacidade vã e barulhenta que eles produzem em suas aglomerações. Daí eles inferem falsamente que existe, na Bíblia, uma distinção entre glossolalia, falar em línguas estranhas (o mesmo que não humanas, sobre-huumanas, dos anjos etc.), e xenoglossia ou xenolalia, falar em línguas estrangeiras (como os Apóstolos em Pentecostes, que falavam as línguas dos estrangeiros que vieram a Jerusalém), o que seria a mais pura malandragem, se não se tratasse, no mais das vezes, de mero wishful thinking.
Seja como for, isso é uma grossa mentira e um insulto à inteligência, pois é evidente pelo contexto que São Paulo fala de uma língua desconhecida aos presentes e não a uma pessoa que compreenda a determinada língua. Isso fica claro nos versículos subsequentes. Por exemplo:
No versículo 10 e 11, fala na existência de diversos gêneros de línguas “neste mundo” e que, se ignoramos a língua de uma pessoa, ela parecerá a nós de uma nação estrangeira, porque as pessoas das outras nações dizem o que não podemos entender.
No versículo 18, fala que ele mesmo fala todas as línguas que aqueles em Corinto falavam, dando a entender que as tais línguas são uma língua estrangeira, humana e inteligível a quem a conhece ou recebeu a graça de a entender.
No versículo 21 e 22, cita o Profeta Isaías, que se refere à língua dos assírios. Segundo o Apóstolo, tal língua veio como sinal aos que são infiéis, não aos que são fiéis. Novamente, trata-se de uma língua estrangeira, existente, inteligível, própria de uma determinada nação, que não era compreendida pelos hebreus, não por ser algo sobre-humano, mas por ser o dialeto de um povo estrangeiro.
Além disso, em seu famoso comentário a toda a Sagrada Escritura, o jesuíta João Menóquio explica com muita brevidade o sentido de 1 Coríntios 14, 2:
Quem pois fala em uma língua. Desconhecida e estrangeira. Não fala aos homens. Pois não entendem este idioma. Mas a Deus. Que não só entende as palavras do que fala, mas também perscruta rins e corações. Ninguém o ouve. Isto é, de modo a entender o que ele diz. Pois em Espírito fala mistérios. Isto é, ele fala altos mistérios, inspirado pelo Espírito Santo. (2)
Guilherme Éstio, que escreveu um dos melhores comentários às Epístolas de São Paulo, que o levou a ser chamado Doctor Fundatissimus pelo Papa Bento XIV, aprofunda o que disse Menóquio com as seguintes palavras:
Mas perguntas, qual espírito? Muitos entendem o Espírito Santo, assim o sentido seria este: o que é movido pelo Espírito de Deus fala dos segredos de Deus. No entanto, alguns outros, tanto antigos, quanto mais modernos, interpretam como tratando-se do espírito do homem, entendendo pelo espírito o afeto da alma, pertinente à devoção. Esse espírito São Paulo distingue, nos versículos seguintes, da mente, isto é, da inteligência. Assim o sentido será: aquele que fala uma língua, oculta e não conhecida por si mesmo, fala com o piedoso afeto da devoção, que em Deus se enleva. Esse sentido concorda muito bem com as palavras que depois se seguem. (3)
Ora, essa distinção que Éstio nota entre falar com o entendimento e falar com o espírito, isto é, com a devoção do coração, longe de significar que os fiéis falavam em uma língua não humana, apenas indica que eram movidos a falar em outros idiomas coisas que ignoravam o significado.
Conforme se lê na Bíblia do Ano Santo dos anos 1950, organizada por sacerdotes da Liga de Estudos Bíblicos, em sua nota ao versículo 12 desse mesmo capítulo:
Daqui se confirma que pode um homem ter o dom de línguas, e não ter o dom de as interpretar, porque não entende o mesmo que fala. E que assim houve muitos fiéis na primitiva igreja, que sendo movidos e inspirados por Deus para falarem em diversas línguas as maravilhas do Senhor, careciam do dom de as entender, consta de todo este capítulo de S. Paulo. O que todavia se restringe a certos fiéis, com quem Deus não era tão liberal na repartição dos seus dons. Porque falando dos Apóstolos, e ainda doutros particulares de inferior hierarquia na Igreja, é indubitável que eles foram dotados não somente do dom de línguas, mas também dos dons de inteligência, de interpretação, de profecia. [Conforme] Éstio com Santo Tomás, e com Caetano. (4)
Essa explicação demonstra que é falsa a distinção carismática entre glossolalia e xenoglossia, pois fica claro que toda glossolalia é xenoglossia, isto é, é falar em uma língua humana de verdade. A única diferença é que havia pessoas que tinham também o dom de interpretação, isto é, o entendimento das línguas que falavam, como os Apóstolos, e outros que não o tinham.
3.ª Mentira sobre o Dom de Línguas. Falar ou orar em línguas é um sinal infalível da presença do Espírito Santo.
Essa é uma mentira que está na raiz do movimento pentecostal. O pentecostalismo não nasceu de forma espontânea, ao contrário do que pensam alguns, com o Espírito Santo descendo em Topeka, Kansas, sobre uma aluna do pastor Charles Fox Parham, que então começa a falar em línguas depois que este impõe suas mãos sobre ela. (5)
Na verdade, o pentecostalismo encontra suas raízes remotas em toda uma série de fatores que marcaram o protestantismo americano por todo o século XIX, como a ideia do batismo no Espírito Santo divulgada pelos membros do movimento Holiness, que, por sua vez, teve sua origem com o pastor John Wesley, pai do metodismo, que pregava uma experiência sensível de santificação pós-conversão; acrescente-se a isso, o interesse e busca pelas curas, milagres e fatos extraordinários; o pré-milenarismo, que postulava uma vinda de Jesus Cristo antes do Juízo, precedida por calamidades de teor apocalíptico, uma ideia que alcançou muito sucesso na segunda metade do século XIX; e também, como notam alguns analistas mais modernos, a oralidade dos protestantes afro-americanos, isto é, a sua preferência por modos expressivos como a pregação, o canto, a dança, o corpo mais que a escrita e a teologia.
O terreno assim já estava pronto para que o os pentecostais, por sua conta, nascessem com o influxo de mais dois elementos, que são suas causas próximas: o anti-denominacionalismo, isto é, uma tendência de não ater-se a denominações com credos específicos, mas simplesmente reunir-se em grupos de oração e manter com os demais uma espécie de network, como em um movimento que não pretende tornar-se uma instituição; e o interesse pelo dom de línguas como um sinal infalível do batismo no Espírito Santo. Esse último elemento, que constitui a diferença específica do pentecostalismo, foi articulado pelo próprio pastor Charles Fox Parham.
Ora, essa teoria protestante, além de não ter nada a ver com o conceito católico de dom de línguas como gratia gratis data (uma graça dada de graça para a utilidade da Igreja), ainda termina, na prática, como uma aberta e clara violação ao que o Espírito Santo ensinou pela boca de São Paulo Apóstolo no final do capítulo 14 de sua Primeira Epístola aos Coríntios:
26 Pois que haveis de fazer, irmãos? Quando vos congregais, se cada um de vós tem o dom de compor salmos; tem o de doutrina, tem o de revelação, tem o de línguas, tem o de as interpretar: Faça-se tudo isto para edificação. 27 Ou se alguns têm o dom de línguas, não falem senão dois, ou quando muito três, e um depois do outro, e haja algum que interprete o que eles disserem. 28 E se não houver intérprete, estejam calados na igreja, e não falem senão consigo, e com Deus… 34 As mulheres estejam caladas nas igrejas porque lhes não é permitido falar. mas devem estar sujeitas, como também o ordena a lei. 35 E se querem aprender alguma coisa, perguntem-na em casa a seus maridos. Porque é coisa indecente para uma mulher o falar na igreja. 36 Porventura é dentre vós que saiu a palavra de Deus? Ou não veio ela senão para vós? 37 Se algum crê ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas, que vos escrevo, são mandamentos do Senhor. 38 Se algum porém o quer ignorar, será ignorado. 39 Assim que, irmãos, tende emulação ao dom de profetizar: E não proibais o uso do dom de línguas. 40 Mas faça-se tudo com decência, e com ordem.
Donde se vê claramente que as aglomerações pentecostais e carismáticas são um sinal infalível da ausência do Espírito Santo entre eles, pois nelas encontra-se de tudo, menos ordem e decência. Nelas há todos falando em línguas ao mesmo tempo, nelas há mulheres pregando e nelas jamais se vê um intérprete, pois, afinal, as tais línguas não têm significado algum, senão o de atestar a sua rebelião contra o Espírito Santo.
4.ª Mentira sobre o Dom de Línguas. Quando rezamos em línguas, o Espírito Santo ora em nós com gemidos inefáveis.
Pretendem os carismáticos, em suas pregações, quando vão convidar as pessoas a DESOBEDECEREM ao que pede o Espírito Santo, isto é, a rezarem simultaneamente em línguas e sem qualquer intérprete, que o próprio Espírito Santo é quem irá orar sobre eles, irá ensiná-los como orar, e que esta oração é, nada mais, nada menos, que o dom de línguas. Ele seria aqueles “gemidos inefáveis” de que fala São Paulo em Romanos 8, 26:
E assim mesmo o Espírito ajuda também a nossa fraqueza: Porque não sabemos o que havemos de pedir, como convém: Mas o mesmo Espírito ora por nós com gemidos inexplicáveis.
Pois bem, nada pode existir mais alheio ao sentido católico que essa interpretação carismática. Com efeito, anota-se – na Bíblia do Ano Santo – o seguinte, sobre esta passagem:
Quando S. Paulo diz que o Espírito Santo ora por nós, é neste sentido (segundo a frase das Escrituras) que o Espírito Santo é quem faz que oremos. Veja-se Santo Agostinho na Epístola 130, cap. 14. COM GEMIDOS INEXPLICÁVEIS – Isto é, que se não podem explicar por palavras, e isto ou porque procedem do desejo de uma coisa inefável, qual é a glória celestial, ou porque os mesmos movimentos do coração, enquanto procedidos do Espírito Santo, são inexplicáveis. [Conforme] S. Tomás a este lugar. (6)
Em outras palavras, a presente passagem não tem absolutamente nada, nada a ver com o dom de línguas.
5.ª Mentira sobre o Dom de Línguas. O Dom de Línguas é uma prática cristã, comum entre os primeiros cristãos, e que agora – em nossa época – o Espírito Santo suscitou para a santificação dos homens etc.
Eis aí uma grande mentira e que atua em perfeita contradição com a realidade. Já se viu que os primeiros cristãos falavam em línguas humanas de verdade e que os carismáticos, até eles, admitem que não falam em línguas humanas de verdade, mas no que confusamente chamam de glossolalia, distinguindo-lhe da xenoglossia ou xenolalia. Portanto, o que já se disse é o bastante para demonstrar que não se trata de uma prática cristã.
Contudo, o mais chocante e escandaloso é que esse fenômeno encaixa-se na onda de neopaganismo e ocultismo característica de nosso tempo. Os pagãos tinham um amor desordenado pelo prazer, pelas letras, pelo teatro, tudo coisas que, nos últimos séculos, ressurgiram com força e crescente intensidade em nossa civilização. Pois bem, o falar em línguas é apenas mais um elemento do paganismo que ressuscita em nossos tempos. (7)
Em três diálogos diferentes de Platão, ele faz referência a um discurso extático que é ininteligível, assim como Virgílio na Enéada. A glossolalia se manifestava nas religiões de mistérios eleusinos, dionisíacos e órficos, bem como nos antigos cultos de Mitra e Osíris. Sibilas e Pítias, sacerdotisas pagãs, também eram conhecidas por sua prática de glossolalia e fala extática, enquanto estavam sob estados de transe induzido. Entre outras práticas extáticas e xamânicas, encontramos também a glossolalia.
George Jennings escreve em An Ethnological Study of Glossalalia [Um Estudo Etiológico da Glossolalia] que, “A glossolalia é praticada entre as religiões não-cristãs: o culto Peyote entre os índios norte-americanos, os índios Haida do noroeste do Pacífico, os xamãs no Sudão, o culto Xangô dos Costa Ocidental da África, o culto Shago em Trinidad, o culto Voodoo no Haiti, os aborígenes da América do Sul e Austrália, os esquimós das regiões subárticas da América do Norte e da Ásia, os xamãs na Groenlândia, os Dyaks de Bornéu, o culto Zor da Etiópia, os xamãs siberianos, os índios do Chaco da América do Sul, os curandeiros dos Andes, os Kinka no Sudão africano, os xamãs Thonga da África e os monges tibetanos.
L. Carlyle May, da Universidade de Harvard, escreve em A Survey of Glossolalia and Related Phenomenon in Non-Christian Religions [Uma Pesquisa sobre Glossolalia e Fenômenos Relacionados em Religiões Não-Cristãs] o seguinte: “Guillaume afirma que em 853 a.C. quatrocentos profetas deliravam em êxtase diante do portão de Samaria e, no antigo Egito, necromantes proferiam fórmulas, que se acreditava serem revelações dos deuses, compostas de palavras estranhas e ruídos sem sentido. Quanto mais misteriosas e incompreensíveis eram essas fórmulas, maior era o seu poder. Além disso, é inteiramente provável que feiticeiros da Índia e da China, contemporâneos dos samaritanos, falassem incoerentemente enquanto adivinhavam, curavam e se comunicavam com os espíritos.”
A glossolalia também achou seu caminho na igreja mórmon primitiva. Joseph Smith afirmou que a igreja “restaurada” (mórmon) “acredita no dom de línguas, profecia, revelação, visões, cura, interpretação de línguas”. A Glossolalia também tem uma forte história na mediunidade, no espiritismo e no espiritualismo. Allan Kardec, o fundador do espiritismo (que era menos religioso do que o espiritulismo), apontou a glossolalia como evidência da presença de um espírito. Em Psychology and the Occult, Carl Jung também observou uma médium em transe e menciona a glossolalia como parte de seu estado de transe extático.
Portanto, longe de ser uma prática cristã, a glossolalia pentecostal e carismática tem sido adotada em larga escala por pagãos e ocultistas do presente e do passado, durante seu comércio ilícito com os demônios.
CONCLUSÃO
Estabeleceu-se, ao longo desse artigo, que o carismatismo está construído sobre uma série de mentiras, que não se articulam bem entre si e servem apenas de justificação a uma prática proibida pela Sagrada Escritura e comum entre os pagãos. Quem quer que aspire ser um cristão de verdade deve afastar-se dessas aglomerações pentecostais e carismáticas, pelo bem de sua alma e para não ser conivente com semelhante heresia.
NOTAS
1 – Cornelius a Lapide, Commentarii in Scripturam Sacram ad locum. No original latino: Angelorum ergo hic linguæ non sunt sensibiles… Vel certe est prosopopoeia, et hyperbole, Angelorum lingua, id est, elegantissima lingua. Sic vulgo dicimus: Divine loquitur: Simili hyperbole dicitur: Facies angeli, vel angelica, id est pulcherrima. Ita Theodor. et Theophyl. quia scilicet angeli in se sunt pulcherrimi, et pulcherrimos se exhibent et visu et voce, dum corpus assumunt. Sic ergo hic, uti et alibi subinde, per hyperbolen loquitur Paulus ex hypothesi, maxime emphaseos causa. q. d. Si essent linguæ angelorum super humanas, Hebream, Græcam, Latinam, et ego eas calerem, neque tamen eis uterer ad commodum proximi, quid esset aliud quam inanis et obstrepcra loquacitas?
2 – Joannes Stephanus Menochius, Brevis Explicatio Sensus Literalis Sacræ Scripturæ optimus quibusque Auctoribus per Epitomen Collecta ad locum. No original latino: Qui enim loquitur linguá. Incognitâ et peregrina. Non hominibus loquitur. Cùm non intelligant illud idioma. Sed Deo. Qui non solum intelligit verba loquentis, sed etiam renes scrutatur et corda. Nemo enim audit. Ita ut intelligat. Spiritu enim loquitur mysteria. Licèt ipse divino Spiritu afflatus alta mysteria loquatur.
3 – Guiliermus Estius, In Omnes Pauli Epistolas, item in Catholicas Commentarii ad locum. No original latino: Sed quæres, quo spiritu? Plerique Spiritum sanctuin intelligunt, ut sit sensus: Spiritu Dei movente, loquitur arcana Dei. Verumtamen alii, tam ex antiquis, quam ex recentioribus, de spiritu hominis interpretantur, ut per spiritum intelligatur affectus animi, ad quem pertinet devotio. Quem spiritum a mente, id est, intelligentia, Paulus in sequentibus aperte distinguit. Ita sensus erit: eum, qui lingua loquitur, occulta quædam ac sibi non intellecta loqui cum pio devotionis affectu, quo in Deum sustollitur. Qui sensus optime convenit cum iis, quæ deinceps sequuntur.
4 – Volume 11, p. 438, nota 2.
5 – Uma síntese sobre as origens do pentecostalismo encontra-se em CESNUR, Le Origini Pentecostali. Confira também: Dr. De Celles, The Catholic Pentecostal Movement.
6 – Volume 1, p. 349, nota 6.
7 – Cf. Mat Auryn, Glossolalia in Paganism and Ocultism; George J. Gennings, An Ethnological Study of Glossolalia: Apologetique, Glossolalia…, etc.
(Artigo escrito por Diogo Rafael Moreira)
Grifes: Equipe Catolicismo Romano e Rádio Italiana.