Como seria se morrêssemos agora?
Aprendi de um padre mexicano (não recordo o nome, mas posso investigar…), a catequese mais simples e profunda… Imagine-se que a cada um foi dado o direito de possuir duas casas. Numa delas, se poderia viver apenas um ano, um único ano, e, na outra, se passaria o resto da vida. Então, perguntou o padre, em qual das casas investiríamos nosso capital?
A maioria, como é constatável, investe tudo naquela qual se viverá apenas um ano. Trocam-se os telhados, pintam-se as paredes, fazem-se jardins lindíssimos, há sauna, piscina, cozinhas moderníssimas, aparelhos ultra e mega incríveis, garagem para vários autos e assim por diante.
A outra casa, coitadinha, fica abandonada. As telhas vão-se quebrando, a pintura descascando, a cerca apodrecendo, o mato, comendo solto e tudo nela lembra abandono, tristeza, miséria.
O ano de gloriosa vida na casa em que tudo se investiu vai transcorrendo deliciosa e despreocupadamente até que, pela lei da vida, acaba abruptamente – e somos despejados. Damos, imediatamente, de cara com a casa abandonada. “Meu Deus, eu não quero viver aqui!”, dizemos. “Não aceito esta casa. Investi tudo na outra”, ou, então: “Como posso viver aqui sem os confortos que conquistei”.
Assim é a vida, diz o padre. Um ano, passamos neste mundo e todo o resto, a eternidade, numa bela mansão ou na miséria do inferno. Tudo depende do investimento que fazemos agora. O exemplo citado é de quem investiu tudo no mundo material, na vida breve e passageira. Investiu o tempo nos prazeres e na futilidade, no consumismo e na falsa alegria, enquanto a vida do espírito, a busca por Deus, a leitura da Palavra, a meditação, a oração, as obras de caridade, o sacramento do perdão, tudo isso, abandonado.
Termina o padre perguntando: em qual das casas investimos mais capital? Quem investiu tudo na outra, não se importa com o despejo. A morte, neste caso, é lucro, como diz São Paulo. Os santos, a rigor, não veem a hora de ocuparem suas belas e derradeiras mansões, porque, quase nada investiram nessas casas passageiras. São Francisco, por exemplo, sequer possuía um par de sapatos. Jesus, ele mesmo, diz que o Filho do Homem não tinha onde repousar a cabeça. Suas outras casas, em compensação, estão repletas da luz eterna, do gozo sem fim e da paz infinita. E a nós, como seria se fôssemos agora, nesse instante, chamados à outra vida?