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CRISE MATRIMONIAL – ARTIGO ESCRITO PELA CATEQUISTA MÔNICA ROMANO

Paramentos Litúrgicos
O Papa Francisco causou nova polêmica ao citar que a maioria dos matrimônios seriam inválidos. O Pontífice deu a declaração recentemente em uma Basílica de Roma.

Muito rapidamente a ala conservadora da Igreja procurou consertar a fala de Bergoglio, porém, desta vez sou obrigada a discordar! Não é a primeira vez que o Papa Francisco faz um pronunciamente que coloca em risco os ensinamentos da Igreja, mas neste caso é impossível negar que ele não esteja certo em sua declaração, e não vejo como um retrocesso. Observo claramente como uma constatação clara do que vem acontecendo na Igreja nos últimos cinquenta anos.

Meu pároco comentou em sua página virtual que estava surpreso com a quantidade de declarações de nulidade que sua paróquia recebeu depois do Sínodo da Família realizada em outubro do ano passado.

Quero compartilhar minha análise pessoal com vocês: é bem verdade que jovens casais que se candidatam ao sacramento do matrimônio não têm a dimensão exata do que estão prometendo um ao outro e, sobretudo à Deus. Estes casais, estão pensando no social, na opinião da família, na realização pessoal de um sonho, menos no compromisso com Deus e a Igreja.

Passado algum tempo se veem desiludidos, e a primeira opção para corrigir a situação é a separação, largamente aceita pela sociedade. A outra opção e a mais pertinente para nós católicos, é aceitar a cruz de cada dia e seguir com Cristo. Um sacramento é conferido de bênçãos em abundância, e o matrimônio não é o mais fácil deles, assim com também não é o sacerdócio. Jesus mesmo referiu ao matrimônio como mistério, e o equiparou ao mistério entre Ele e a Igreja. Ef 5,32 "Grande é este mistório; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da Igreja".

A imprensa sempre atenta as palavras do Papa dá outro colorido as manchetes e lançam: "Papa Francisco diz que maioria dos casamentos são inválidos”. O que pensa o leitor? “ Opa! Se é inválido então eu posso contrair novas núpcias”. Mas não é assim que funciona. Observando bem os ensinamentos de Francisco, pude observar que ele identificou o problema e também deu a solução. As paróquias precisam trabalhar com mais afinco na busca de mais informação e formação espiritual para os casais que buscam o sacramento do matrimônio. Como se comprometer com um sacramento tão fundamental, se não compromete se com o inicial, que é o batismo?

Quantas pessoas conhecemos que foram batizadas católicas, na fé dos pais, receberam o sacramento da comunhão por insistência dos pais, e depois só voltaram a colocar os pés na Igreja para assistirem um casamento, uma formatura, uma missa de sétimo dia… depois, só mesmo para celebrarem o matrimônio e nada mais? Pois assim é que a sociedade concebe as novas famílias; sem compromissos. O único compromisso que tem que se ter é com você mesmo.( ??? ).

Digo por mim, este ano estou em júbilo, comemoramos 25 anos de matrimônio, bodas de prata. E confesso, quando contrai matrimônio, embora fosse batizada, e ocasionalmente frequentasse o sacramento da comunhão, e tenha feito o curso de noivos,  não tinha a menor  ideia do compromisso que eu estava assumindo, mas as graças recebidas no sacramento deram a mim e ao meu esposo, forças para superar os obstáculos. Entendermos que estávamos unidos não apenas de corpo, mas também de alma, e que tínhamos que alimentar nosso sacramento com Jesus, quer fosse Jesus Eucarístico, quer fosse Jesus Oração.

Tivemos exemplos de matrimônios duradouros mesmo com toda a dificuldade, tivemos nossos próprios compromissos assumidos com nossos filhos e com a Igreja, e hoje podemos comemorar.

Eu espero que os casais que estejam com propósito de contrair o matrimônio, estejam conscientes do compromisso que assumem diante de Deus e da Igreja, que não cedam ao simples capricho de dar uma festa, de se vestir de noiva e noivo, que não cedam ao desejo dos pais, mas que o façam com serenidade e que realmente cumpram o que estão se prometendo.

Se tiverem alguma dúvida, orem, conversem, adiem se possível, não é demérito desistir em cima da hora, mas desistir depois de aceito o compromisso é condenação da alma, é condenação a ficar longe de Jesus, a se sentir derrotado, e isso ninguém quer, ninguém se casa achando que não dará certo.

Casou-se e está tendo problemas? Voltem os olhos para Jesus, mesmo que seja apenas um dos cônjuges, volte para a Igreja, volte para comunhão, saiba onde procurar as bênçãos recebidas com no sacramento, pegue sua cruz e caminhe, Jesus não desampara quem procura por Ele. E saiba,  pode demorar um pouco mas você conseguirá vencer. Não destrua seu casamento diante das adversidades, lute, pois a derrota de satanás é ver uma família de pé.

Noivos, procurem estar sempre com Jesus, frequentem juntos a comunhão, se possível se guardem um para o outro, levem o tempo que for preciso para se conhecerem melhor, procurem se estabilizar, aproveitem bem a vida antes de assumir o compromisso um com o outro. Um homem pode sim jogar a pelada com os amigos depois de se casar, mas não todos os dias, escolha um dia e aproveite, mulheres não precisam abrir mão daquele papo com as amigas, do passeio no shopping, mas não sejam levianas e não façam desta atividade uma constante.

Estudem, conquistem seu espaço, comecem a construir sua vida a dois, a três, Deus deve estar presente entre vocês sempre.

Agindo assim, terão um sacramento feliz, não livre de aborrecimentos, pois todos nós estamos sujeitos a isso, mas um sacramento forte, e que agrada a Deus, e nos possibilita criar nossos filhos dentro do que Deus planejou para nós.

A família que Deus quer começa na Igreja. A Igreja é que pode nos ajudar a caminhar juntos.

Mônica Romano é catequista em Belo Horizonte, Minas Gerais, e colaboradora do Portal Catolicismo Romano.

 

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