FÁBIO BOTTO FARHAN: Desafios da Igreja Romena após a queda do comunismo
Bispos da Romênia estão em Roma em visita ad limina
Por Carmen Elena Villa
CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 9 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org). – Minoritária mas ao mesmo tempo muito variada: assim é a Igreja na Romênia. Seus bispos iniciaram, na segunda-feira passada, sua visita ad limina apostolorum em Roma, que se estenderá até 13 de fevereiro.
Ao longo desta semana, os prelados visitarão vários dicastérios, apresentarão seus planos e se encontrarão com Bento XVI.
Uma minoria que constitui “o sal da terra”
A Romênia tem uma população de cerca de 21 milhões de habitantes, dos quais os católicos representam 8,5 %.
A Conferência Episcopal da Romênia reúne 12 circunscrições eclesiais, e está dividida em duas partes: uma segue o rito latino, a outra o rito bizantino. Segundo o presidente dos bispos do país, Ioan Robu, este fato “representa um pouco da imagem da Igreja universal”.
Os prelados alternam-se na presidência e na vice-presidência da Conferência Episcopal. Por um período, a Conferência é dirigida com base no rito latino, e no período sucessivo, de acordo com o rito bizantino.
Duas décadas de liberdade religiosa
Durante o regime comunista, foram proibidas quaisquer manifestações públicas de fé. Por essa razão, as visitas ad limina ficaram suspensas de 1937 até 1991. A partir de 1989, a Romênia viu o reflorescer de diversas confissões religiosas. A maior parte dos habitantes do país é ortodoxa. Há também comunidades protestantes e pequenas comunidades judaicas e muçulmanas.
“Enquanto que até 1989 as atividades religiosas só podiam ser desempenhadas no interior das igrejas, hoje a atuação das pastorais se estende por diversos campos: dos veículos de comunicação em massa às escolas e universidades, aos hospitais, às forças armadas, aos presídios”, disse Dom Robu.
A visita de João Paulo II, em 1999, e seu encontro com o patriarca Teoctist, marcaram o início de uma nova fase para as pastorais do país, bem como para o diálogo com os ortodoxos.
Segundo Dom Robu, a comunidade católica romena é hoje “bem organizada canonicamente, desenvolvendo atividades comparáveis às de uma igreja que não tenha sofrido perseguições por tantos anos, como nós”.
Há, entretanto, alguns impasses com os ortodoxos, como a disputa por algumas igrejas e monastérios antigos confiscadas pelo regime comunista, e mais tarde entregues à Igreja Ortodoxa.
As emigrações, o envelhecimento da população e a secularização são outros desafios impostos à Igreja Católica na Romênia.
“Os que deixaram o país foram sobretudo os jovens, por razões de trabalho. Dessa forma, precisamente no momento em que se buscava um crescimento de nossas comunidades paroquiais, verificou-se esta fuga para o exterior, causada pela pobreza material”, comentou o presidente da Conferência Episcopal Romena.
Questionado sobre os frutos dos últimos 20 anos de trabalho pastoral em seu país, o arcebispo Robu concluiu sua entrevista para a Rádio Vaticana dizendo que “estas não são coisas fáceis de mensurar”, afirmando ainda que “a Graça de Deus tem crescido entre aqueles que nos foram confiados”, e que sua Igreja “tem conservado sua identidade católica e ainda a mantém”.