Dez anos sem Karol Wojtyla: Canonização em tempo quase recorde
A canonização de João Paulo II, realizada no dia 27 de abril de 2014, apenas nove anos depois de sua morte, foi uma das mais rápidas da história, incentivada pelos gritos de "Santo já" entoados pelos fiéis na praça São Pedro durante seu funeral.
É preciso voltar no tempo até 1.231 para encontrar uma canonização mais veloz. Naquela ocasião, Antonio de Pádua foi aclamado santo somente um mês depois de seu falecimento, em meio ao furor do povo.
No dia 28 de abril de 2005, o sucessor de Karol Wojtyla, Bento XVI, dispensou o período necessário de cinco anos após a morte para iniciar uma causa de beatificação e canonização. O processo foi aberto oficialmente em 28 de junho seguinte pelo cardeal Camillo Ruini, então vigário-geral da diocese de Roma, tendo como postulador o monsenhor Slawomir Oder.
Em 2 de abril de 2007, exatos dois anos depois do falecimento de João Paulo II, Ruini declarou concluída a primeira fase diocesana do processo de beatificação, entregando os resultados à Congregação para as Causas dos Santos.
Tal ato ocorreu por meio de um processo jurídico durante o qual foram lidos em latim 130 depoimentos favoráveis e contrários à beatificação, além das conclusões de teólogos e historiadores sobre a questão. No dia 1º de abril de 2009, 251 supostos milagres de Karol Wojtyla tinham sido relatados à Congregação.
Em dezembro do mesmo ano, com um decreto assinado por Bento XVI atestando suas "virtudes heróicas", João Paulo II foi proclamado "venerável".
Em 14 de janeiro de 2011, Joseph Ratzinger promulgou o decreto que atribui um milagre a Wojtyla: a cura da freira francesa Marie Simon-Pierre, que sofria de mal de Parkinson, a mesma doença do Pontífice polonês.
A patologia havia sido diagnosticada em 2001 e, segundo o testemunho da religiosa, sua recuperação por meio da intercessão de João Paulo II aconteceu na noite de 2 de junho de 2005, quando ela tinha 44 anos.
A cerimônia de beatificação foi realizada na praça São Pedro, em 1º de maio de 2011, e presidida pelo seu sucessor no comando da Igreja, algo sem precedentes na história do catolicismo. No evento estavam presentes cerca de um milhão e meio de fiéis provenientes do mundo todo e aproximadamente 90 delegações internacionais.
O caixão do Papa, retirado das Grutas Vaticanas pouco antes, foi exposto novamente no Altar da Confissão da basílica de São Pedro, recebendo ininterruptas homenagens de peregrinos até o dia seguinte, quando foi colocado na capela de São Sebastião.
A festa litúrgica do beato João Paulo II foi fixada em 22 de outubro, enquanto a sua canonização foi estabelecida com um decreto do papa Francisco publicado em 5 de julho de 2013.
Antes disso, foi reconhecido um segundo milagre do Papa polonês, que teria sido realizado na noite de sua beatificação em uma mulher da Costa Rica, Floribeth Mora Díaz. Ela havia sido atingida em abril de 2011 por um grave AVC hemorrágico, mas na manhã seguinte à cerimônia, após ter rezado durante toda a noite para João Paulo II, a mulher se levantou como se nada tivesse acontecido.
A canonização de Wojtyla ocorreu em 27 de abril do ano passado, em uma celebração comandada por Jorge Bergoglio.