DOUTRINA DEVE SER IMUTÁVEL: Igreja Católica reitera que proíbe bênção a uniões homossexuais
O Vaticano divulgou um documento em que reitera que a Igreja Católica não pode “abençoar” uniões entre pessoas do mesmo sexo. Publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé, o posicionamento é resultante de uma dúvida sobre o assunto enviada a Santa Sé e foi aprovado pelo papa Francisco em uma reunião com o secretário do dicastério, Giacomo Morandi. “Não é lícito conceder uma bênção a relações, ou mesmo a parcerias estáveis, que implicam uma prática sexual fora do matrimônio (ou seja, fora da união indissolúvel de um homem e uma mulher, aberta por si à transmissão da vida), como é o caso das uniões entre pessoas do mesmo sexo”, diz o documento. “A presença, em tais relações, de elementos positivos, que em si são dignos de ser apreciados e valorizados, não é porém capaz de torná-las honestas e, assim, um destinatário legítimo da bênção eclesial, pois tais elementos se encontram a serviço de uma união não ordenada ao desígnio do Criador”, acrescenta a Congregação para a Doutrina da Fé. Para a Igreja Católica, a bênção é uma ação sacramental que convida os fiéis a louvarem a Deus e os exorta a merecerem a misericórdia divina. No entanto, segundo a Santa Sé, apenas as relações humanas ordenadas a servir aos desígnios de Deus são compatíveis com a “essência da bênção”.
No documento, a congregação explica que “estão se difundindo projetos e propostas de bênçãos para uniões de pessoas do mesmo sexo”, muitas vezes “motivados por uma sincera vontade de acolher” os homossexuais. No entanto, uma vez que a bênção possui relação com os sacramentos, a Santa Sé diz que não é lícito concedê-la para uniões homossexuais, uma vez que isso “constituiria de certo modo uma imitação ou uma referência de analogia à bênção nupcial, invocada sobre o homem e a mulher que se unem no sacramento do Matrimônio”. A Congregação para a Doutrina da Fé ainda justifica que a declaração de ilicitude das bênçãos para uniões entre pessoas do mesmo sexo não se trata de uma “injusta discriminação”, mas sim uma forma de “relembrar a verdade do rito litúrgico” e da “essência” das ações sacramentais. “A comunidade cristã e os pastores são chamados a acolher com respeito e delicadeza as pessoas com inclinação homossexual, sabendo encontrar as modalidades mais adequadas, coerentes com o ensinamento eclesial, para anunciar a elas a totalidade do Evangelho. Tais pessoas, ao mesmo tempo, reconheçam a sincera proximidade da Igreja – que reza por elas, as acompanha, compartilha o seu caminho de fé cristã – e acolham com disponibilidade os seus ensinamentos”, diz o documento. Para concluir, a Santa Sé alega que abençoar uniões homossexuais seria uma forma de “encorajar” uma escolha de vida que não pode ser reconhecida como “ordenada aos desígnios divinos”.
Um documentário de Evgeny Afineevsky lançado em outubro passado e chamado “Francesco” mostra uma declaração em que o Papa diz que homossexuais “têm o direito de ser parte de uma família”. Apesar de não propor nenhuma mudança na doutrina católica, Jorge Bergoglio ainda afirma que é preciso “criar a lei de união civil” para protegê-los “legalmente”. Esse posicionamento, inédito para um pontífice, provocou críticas nas alas ultraconservadoras do clero e até acusações de heresia. Pouco depois, o Vaticano veio a público para esclarecer que o Papa apenas defendeu leis de “convivência civil”, ressaltando que é uma “incongruência falar de matrimônio” entre homossexuais.