Ainda outro dia escrevia um texto sobre a diversidade de carismas e grupos dentro da Igreja Católica. Hoje gostaria de abordar outro assunto, que confesso há muito tempo não me preocupava mais, pois após o Pontificado do Papa Emérito Bento XVI, voltamos nossos olhos para a doutrina, começamos a olhar para nossa casa, e deixar a dos vizinhos de lado.
Mas os últimos acontecimentos trouxeram a tona um assunto que não pode ser deixado de lado, e que em certa medida falseia nosso credo: o espiritismo.
Ouvia na semana passada, os comentários de dois padres daqui de Belo Horizonte em um programa de rádio local, um destes padres é pároco da Igreja que frequento, lembrava um deles ; "o Papa João Paulo II, foi o comunicador, o Papa Bento, o professor, e o Papa Francisco o pastor". Muito interessante esta analogia do padre. Porém irei me deter por hora ao "professor". Depois de nossos pais, os professores são as pessoas mais importantes de nossa vida, quer seja acadêmica, quer seja cristã. Somos folhas em branco e a qualidade do professor é que vai determinar muitas de nossas escolhas e caráter, claro, a educação recebida em casa, o meio em que crescemos, nossa cultura, e outros fatores são importantes, mas a base é determinante.
E continuava o padre quando questionado sobre a queda no número de cristãos católicos no mundo, (repórteres gostam destas perguntas embaraçosas não é mesmo?) o padre assim respondeu: "Não é o numero de fiéis o importante no caso, mas a força que ele tem. Recentemente na França, onde sabidamente o numero de católicos é pouco se comparado ao do Brasil, um grupo conseguiu barrar leis contra a família, e a favor do aborto. A força deste grupo foi determinante, não o numero de pessoas".
E para reforçar a sentença acima vamos falar de números, segundo dados estatísticos do IBGE Censo 2010, os que se "declararam" católicos somam 64,6%, seguido de 22,2% de evangélicos ( das mais diversas denominações ), espiritas 2%, e 8% sem religião.
Conforme o panorama descrito acima, podemos afirmar que o número de fieis católicos ainda é mais que o dobro que de qualquer outra religião no país. Sim, numericamente é, mas é um número quantitativo, é um número onde um grupo de pessoas nem sabem o que é realmente ser católico, desconhecendo completamente seus dogmas. Eu mesma participei da coleta de dados do Censo 2010, apenas o questionário completo, que contemplava 10% da população perguntava sobre religião, e mesmo assim, o IBGE formulou uma questão com várias facetas das religiões, onde os católicos poderiam escolher entre diversos tipos de católicos, como ortodoxos, brasileira, siríaca, e outras que eu nem sabia que existia. O mesmo ocorreu com os evangélicos, mas no fim para efeito de estatística, formaram um grupo só.
Mas falemos de um grupo em especial: os espíritas. Eles declaradamente são 2% da população. Fora da França país de origem do espiritismo (número insignificante de fiéis), o Brasil é o país que mais tem adeptos, impulsionados pela figura de Chico Xavier, que divulgou a doutrina de forma religiosa no país. Modelo muito diferente de Kardec na Europa, onde o espiritismo era uma espécie de conceito científico, e não uma religião.
Na Europa o espiritismo quase não existe mais, grupos de portugueses e brasileiros que lá vivem divulgam a doutrina. Na própria França, quase ninguém sabe do que se trata o espiritismo. Na Itália, nem se fala… Aqui no Brasil, aos poucos, o espiritismo como religião também vai dando sinais de enfraquecimento, mas como todo espirita julga que também é católico e vice versa, o que não falta são confusões.
E esta confusão tem origem no sincretismo. Historicamente sabemos que os escravos vindos da África, invocavam e cultuavam espíritos, viviam no paganismo, à margem da religião. Não podiam realizar seus cultos, a religião oficial era a católica e falseando a religião identificavam seus “guias” com nomes de santos católicos, esta forma de culto perdura até hoje, principalmente na Bahia onde é difícil separar um rito do outro, e fiéis despreparados acabam por confundir a fé, pior, acabam por fundir a fé.
Sabemos que o espiritismo está dividido em diversos ramos, mas no fim é tudo a mesma coisa, e contraria completamente a doutrina cristã.
O sincretismo vivenciado na Bahia e em diversas partes do país, é o candomblé, que tem seus “pais e mães de santo” suas figuras visíveis, são orientados por “guias”, espíritos que são invocados através de danças e transes. Claramente proibido pela Sagrada Escritura.
O Kardecismo, é outra vertente do espiritismo, originado na França em 1855 por um professor de pseudônimo Allan Kardec, que escreveu o Livro dos Espíritos, onde codificava o espiritismo. Não pretendia ser uma religião, apenas um conceito cientifico. Chico Xavier foi seu principal expoente aqui no Brasil, divulgando o kardecismo através de livros e mensagens. A ajuda humanitária, a caridade trouxe aspectos que lembram nossa missão como cristãos, de ajudar ao próximo, mas para o cristianismo este tipo de ajuda não é benéfico, pois centra no homem e não em Deus a capacidade de resgate, esta doutrina ensina que através do carma o homem pode resgatar sua salvação, cumprindo o bem e boas ações nesta vida ele pode ser redimido, e se não conseguir pode voltar um “cem par de vezes” até conseguir a evolução de sua alma, descartando assim qualquer participação de Jesus em sua salvação. Desprezam completamente os sacramentos, pois professam uma fé diferente da fé cristã. Podem parecer muito alentadoras as “cartas” que Chico Xavier transmitia as famílias, principalmente às mães que perdiam seus filhos, mas não é difícil saber da história da vida das pessoas principalmente se são pessoas públicas, a dor nos faz revelar fatos que acabam sendo do conhecimento de pessoas quem nem conhecemos, mas isso só faz afastar ainda mais as pessoas do verdadeiro consolo, o Espírito Santo. Ao mesmo tempo, católicos com um conhecimento doutrinário profundo, alegam que as cartas escritas por Chico Xavier tinham a força do maligno, do próprio Demônio com simples objetivo de iludir e enganar pessoas que necessitavam de um simples consolo. Teólogos renomados argumentam que o próprio espiritismo é uma seita de conformismo simplório. É muito fácil deixar os erros para a próxima vida, ou quem sabe nas outras que "virão"…
A magia também se enquadra no espiritismo, seja ela “leve” ou negra, é magia e utiliza forças que escapam ao conhecimento humano. Adivinhações, astrologia, quiromancia consultas a videntes, rituais de sacrifício seja animal e até humano, são práticas proibidas pela Sagrada Escritura e ferem o primeiro mandamento da lei de Deus, “Amar a Deus sobre todas as coisas”, amar supõe confiar, e quem confia em Deus não precisa saber o amanhã.
Portanto deixo claro; espiritismo e catolicismo são doutrinas completamente opostas, e embora pareçam iguais em aspectos como a caridade, o amor, a tolerância, são distintas.
Católicos não creem na "evolução" da alma, cremos na redenção, pelo único Salvador, Jesus Cristo. Seria desmerecer o Sangue derramado na cruz por Aquele que resgatou nossa alma.
Católicos creem na ressurreição dos mortos, e não na reencarnação. Deus é pura misericórdia para aqueles que são humildes, e pedem perdão de seus pecados, não somos capazes de atingir a salvação através do retorno contínuo para salvar a alma.
Católicos creem que Jesus é o único Salvador e Senhor, não é apenas um modelo para ser seguido, como pregam os espiritas.
Católicos creem que é impossível o contato com entes queridos que já não estão mais entre nós. Tudo o que podemos fazer por eles é suplicar à Virgem Santíssima que interceda para que alivie suas penas, que os receba como filhos amados de volta a Deus. A morte não é o fim é o começo de uma nova vida com Cristo.
Católicos creem que é importante fazer o que Cristo nos pediu, "fazei isto em memória de mim", celebrar sua Páscoa, vitória sobre a morte, ter sempre a presença do Espirito Santo, nosso consolador, através dos Sacramentos, nos transformar em Cristo ter a Sua semelhança.
“ Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” 1 Jo 4,1.
O espiritismo é condenado pela Sagrada Escritura como necromancia. Esta palavra — necromancia — significa advinhar coisas através dos mortos (Mancia é adivinhar, saber; necro quer dizer mortos). Há inúmeras passagens da Bíblia em que se condena quem faz necromancia, ou quem procure indagar dos mortos a verdade.
Veja, por exemplo, o que diz o livro do Deuteronômio: "Quando entrares na terra que o Senhor, teu Deus, te há de dar, guarda-te de querer imitar as abominações daquelas gentes. Não se ache entre vós quem purifique seu filho ou sua filha, fazendo-os passar pelo fogo, nem quem consulte os advinhos ou observe sonhos e agouros, nem quem use malefícios, nem quem seja encantador, nem quem consulte os necromantes, ou advinhos, ou quem indague dos mortos a verdade. Porque o Senhor abomina todas essas coisas, e por tais maldades exterminará esses povos à tua entrada"(Deut. XVIII, 9-12). Repare que Deus chama a consulta aos mortos de abominação e de maldade. Por que abominação e maldade? Porque quem aparece normalmente aos que invocam as almas são demônios. O próprio Alan Kardec preveniu que muitas vezes o que aparece nas sessões espíritas são demônios.
Ora, sendo a Escritura claríssima na condenação da invocação das almas, quem desobedece a essa proibição comete uma grande maldade e abominação, pois despreza a palavra de Deus e entra em contato com demônios.
A Sagrada Escritura dizia que os médiuns tinham o espírito de Piton, isto é da serpente, do demônio.
Portanto, os médiuns ou são possuídos pelo demônio, ou estão sob sua direta influência.
Quem está em pecado é incapaz de ser sobrenaturalmente bom, pois não está com Deus. Os pecadores podem fazer algum bem material, mas isto não tem nenhum valor sobrenatural.
Que adianta dar esmola para um pobre se se odeia e desobedece a Deus?
Lembre-se do que diz São Paulo: 'E ainda que eu distribuísse todos os meus bens no sustento dos pobres, e entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, nada disso me aproveitará" (I Cor, XIII, 3).
Ora só pode ter caridade quem está na graça de Deus. E só está na graça de Deus, quem aceita tudo o que Deus ensina, e que a Igreja confirma.
Os espíritas repudiam o que Deus ensinou, e fazem o que Deus proibiu. Logo, não estão.
Chico Xavier era um médium, que durante toda a vida só desobedeceu a Deus. Portanto, não é verdade que ele só fez o bem. Se ele fazia ocasionalmente algum bem material, isto só servia para induzir outros a desobedecer a Deus, aceitando a invocação do espíritos que ele defendia e praticava.
Mônica Romano é catequista em Belo Horizonte, em Minas Gerais, e colaboradora do Portal Catolicismo Romano.
Jornalista Responsável pelo artigo e colaborar deste texto: Fabio Botto – MTB: 32.254
Ainda outro dia escrevia um texto sobre a diversidade de carismas e grupos dentro da Igreja Católica. Hoje gostaria de abordar outro assunto, que confesso há muito tempo não me preocupava mais, pois após o Pontificado do Papa Emérito Bento XVI, voltamos nossos olhos para a doutrina, começamos a olhar para nossa casa, e deixar a dos vizinhos de lado.
