Em Vigília na Basílica de São Pedro, Papa diz que “Páscoa remove pedras da morte”
O papa Francisco celebrou a missa da Vigília Pascal na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e afirmou que “nenhum sepulcro” ou “fracasso” poderá “encerrar a alegria de viver”, lembrando que a Páscoa remove as “pedras da morte”.
Apesar do ritmo lento, o Pontífice leu a sua homilia completa, naquela que é também a cerimônia mais longa e solene de todo o ano litúrgico, e lembrou que “às vezes sentimos que uma lápide foi colocada pesadamente na entrada do nosso coração, sufocando a vida, extinguindo a confiança, nos aprisionando no túmulo dos medos e das amarguras, bloqueando o caminho para a alegria e a esperança”.
São ‘pedregulhos da morte’ e o encontramos ao longo do caminho, em todas aquelas experiências e situações que nos roubam o entusiasmo e a força para seguir em frente”, explicou.
O Santo Padre usou como exemplo “o sofrimento que nos afeta e as mortes dos entes queridos, que nos deixam vazios intransponíveis; os fracassos e os medos que nos impedem de fazer as coisas boas que temos no coração”.
Além disso, lamentou os “muros de borracha do egoísmo e da indiferença” que são impedimento para um compromisso capaz de “construir cidades e sociedades mais justas e à medida do homem” e “todos os anseios de paz sufocados pela crueldade do ódio e pela ferocidade da guerra”.
Segundo o líder da Igreja Católica, “quando vivemos estas decepções, temos a sensação de que muitos sonhos estão destinados a ser destruídos e também nós nos perguntamos com angústia: ‘Quem removerá a pedra do nosso túmulo?”.
“Mas a Páscoa de Cristo é a vitória da vida sobre a morte, o triunfo da luz sobre as trevas, o renascimento da esperança nos escombros do fracasso. Foi o Senhor, Deus do impossível, que, para sempre, removeu a pedra e começou abrir nossos túmulos, para que a esperança não tenha fim”, ressaltou.
Por fim, o argentino enfatizou que, “a partir desse momento, se nos deixarmos levar pela mão de Jesus, nenhuma experiência de fracasso e de dor, por mais que nos doa, poderá ter a última palavra sobre o sentido e o destino da nossa vida”.
“Se nos deixarmos agarrar pelo Ressuscitado, nenhuma derrota, nenhum sofrimento, nenhuma morte poderá deter o nosso caminho rumo à plenitude da vida”, concluiu.
Na Vigília Pascal, o Pontífice iniciou o rito no átrio da igreja com a bênção do fogo e a preparação do círio. Na sequência, foi realizada a procissão rumo ao altar, com o círio pascal aceso e o canto do Exsultet, seguida pela Liturgia da Palavra e pela Liturgia Batismal.
Durante este último momento, o Papa administrou o sacramento da iniciação cristã a oito neófitos adultos: quatro italianos, dois coreanos, um japonês e um albanês.
Além do batismo, os oito catecúmenos também receberam a primeira comunhão e a confirmação do sacramento (Crisma). A celebração foi acompanhada por cerca de 6 mil pessoas no interior da Basílica de São Pedro e por muitos outros fiéis no exterior, na Praça São Pedro.
Este é o primeiro evento no qual Jorge Bergoglio participa depois de ter cancelado sua ida ao Coliseu, um dos principais monumentos de Roma, na noite da Sexta-feira Santa para presidir a Via Sacra.
Segundo a Sala de Imprensa do Vaticano, a decisão foi tomada para “proteger a saúde” de Francisco, que nas últimas semanas apresentou sintomas gripais e cansaço, antes dos compromissos pascais.