Em visita a hospital, Papa Francisco critica discussão sobre liberação das drogas
O papa Francisco criticou, em visita ao hospital São Francisco de Assis, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (24), a discussão sobre a liberação das drogas "em vários países da América Latina". "Não é deixando livre [o consumo e o comércio de drogas] que se conseguirá diminuir a influência da dependência química", afirmou. O papa disse ainda que o tráfico de drogas "semeia a morte". O local visitado pelo pontífice trata dependentes químicos.
O pontífice disse ainda que na sociedade atual, em que "prevalece o egoísmo", deve haver coragem e que "é necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas", afirmou. "Precisamos olhar a todos com o amor de Cristo".
Dois dependentes químicos em tratamento leram textos ao papa antes do discurso dele. "Santidade, eu vivi por 17 anos me drogando. Hoje, pela graça de Deus, estou sóbrio por 11 anos e trabalhando na instituição que me acolheu", afirmou um deles. O papa os abraçou depois da leitura dos textos.
"Hoje, neste lugar de luta contra a dependência química, quero abraçar a cada um e cada uma de vocês – vocês que são a carne de Cristo – e pedir a Deus que encha de sentido e de esperança segura o caminho de vocês e também o meu", afirmou o papa em seu discurso.
Na América Latina, o Uruguai tem um projeto prestes a ser votado para legalizar o comércio e consumo de maconha. A discussão também ocorre no Brasil, mas não há propostas em discussão no Congresso.
Considerado como o principal legado social da JMJ (Jornada Mundial da Juventude), a inauguração de um novo complexo para internação de dependentes químicos no hospital São Francisco de Assis –bancado com recursos da Conferência Episcopal Italiana– não ficou pronto a tempo.
A ideia original era que a ala fosse inaugurada durante a visita do papa Francisco ao local, mas agora a previsão é de que o local só seja inaugurado no mês que vem. O PAI (Polo de Atenção Integral à Saúde Mental) ocupará um prédio de quatro andares no complexo hospitalar e está orçado em cerca de R$ 2,5 milhões.
Todos os 80 leitos de internação planejados deverão estar funcionando até o fim do ano, segundo a administração do hospital.