EXPLICAÇÃO DO TRECHO BÍBLICO: “PELA FÉ, AINDA DEPOIS DE MORTO, TODAVIA FALA” (HEBREUS 11,4)
Um ponto positivo que vejo em sua missiva, é que você crê nas Sagradas Escrituras. Portanto, antes de responder diretamente à sua questão, é bom que lembre o que a mesma Sagrada Escritura fala a respeito da interpretação dos textos: "Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal" IIPedro, 1, 20. Quem tem a autoridade para interpretar as Escrituras é a Igreja, a mesma que definiu a autenticidade e inspiração dos livros sagrados. Quem usa os textos da Bíblia reconhece pelo menos implicitamente a autoridade da Igreja Católica. As palavras "Pela fé, ainda depois de morto, todavia fala" evocam a passagem do Gênesis, no qual Deus declara a Caim que "a voz do sangue de teu irmão clama por mim desde a terra" (Gn 4, 10).
Abel é testemunha, mártir de Deus, porque confessa com sua fé, seu sacrifício e sua generosidade, as grandezas divinas. Portanto o sangue de Abel clama, ou seja, fala. Jesus faz referência ao sangue de Abel, como se o mesmo estivesse falando: "Deste modo, recairá sobre vós todo o sangue dos justos derramado na terra, desde o sangue de Abel…"( Mt 23, 35). Mas Como você se intitula kardecista, aproveito também para fazer um esclarecimento sobre a doutrina da reencarnação. Como você apelou para a autoridade da epístola aos Hebreus, é bom que leia também neste livro uma afirmação que desfaz a dita teoria, "Está determinado que os homens morram UMA SÓ VEZ, e logo vem o juizo"( Hebreus, 9, 27). Jesus falou sempre claramente na ressurreição, nunca em reencarnação. Desculpe-me ter abordado outro assunto. Fi-lo apenas porque o vi se firmando no texto sagrado da epístola aos Hebreus. Espero ter respondido sua pergunta. Que Deus o ilumine sempre. Pe. Jonas
Padre Jonas dos Santos Lisboa é colaborador dos portais "Catolicismo Romano" e ´"Rádio Italiana". Pertence ao clero da Administração Apostólica São João Maria Vianney. Cursou Filosofia e Teologia no Seminário da Diocese de Campos dos Goytacazes. Responsável pela celebração da Missa Tridentina, na forma extraordinária em latim, do rito romano, na Capela de Santa Luzia em São Paulo.