Identificamos o cisco no olho do outro, esquecendo da ferpa na própria pupila
Como católicos devemos lembrar da correção fraterna e de fazê-la sempre com caridade, verdade e humildade, caso contrário, você só pode fazer mal ao outro. Caridade, verdade e humildade. Sem essas três virtudes é melhor nem tentar corrigir um irmão, porque correria o risco de cair em um sermão moralista que só faria mal. O problema, na verdade, é sempre o mesmo: identificar o cisco no olho do outro, esquecendo da ferpa na própria pupila.
Jesus afirmou: precisamos de humildade para corrigir um ao outro, porque se for feito de um pedestal de crítica e julgamento nunca poderá dizer que a correção é fraterna. Ainda mais se gostamos de ver “algo errado” que temos de corrigir, que, certamente, não é de Deus, adverte o Papa.
Porque a correção cristã é amor, é caridade. “Não se pode corrigir uma pessoa sem amor e sem caridade. Não se pode fazer uma intervenção cirúrgica sem anestesia: não se pode porque o doente morrerá de dor. E a caridade é como uma anestesia que ajuda a receber a cura e a aceitar a correção. Tomá-lo à parte, com mansidão, com amor e falar-lhe.”
Mas falar em verdade, “não diga algo que não é verdade”. Muitas vezes, “nas nossas comunidades são ditas coisas de outra pessoa que não são verdadeiras: são calúnias, ou se são verdadeiras, se acaba com a fama daquela pessoa”.
Trata-se do dilema de sempre: “As intrigas ferem”. As intrigas “são tapas à fama de uma pessoa, ao seu coração”. Certamente quando nos dizem a verdade, não é belo ouvi-la, mas se dita com caridade e amor, é mais fácil aceitá-la”. Portanto, se “é preciso falar dos defeitos do outros”, isso deve ser feito com caridade.
Com caridade, mas também com humildade: “Se é preciso corrigir um defeito pequenino ali, pense que você tem outros muito maiores!”. A correção fraterna, de fato, “é um ato para curar o corpo da Igreja. Há um buraco, ali, no tecido da Igreja que temos de consertar. E, como as mães e avós, quando remendam, o fazem com tanta delicadeza, assim se deve fazer a correção fraterna”.
Se você não é capaz de fazê-la com amor, com caridade, na verdade e com humildade, arrisca cometer uma “ofensa, uma destruição no coração daquela pessoa. Será uma conversa a mais, que fere; e você se tornará um hipócrita cego”.
Um exemplo de Jesus: “No Senhor, sempre há a cruz, a dificuldade de fazer uma coisa boa; o Senhor é sempre amor que nos leva à mansidão. Não julgue”- insistiu o Papa-. “Nós, cristãos, temos a tentação de nos fazermos como doutores: sair do jogo do pecado e da graça, como se fôssemos anjos”. É o que Paulo diz: ‘Não aconteça que, depois de pregar a outros, eu mesmo seja desqualificado’.
Portanto, “um cristão que, na comunidade, não faz as coisas, também a correção fraterna, na caridade, na verdade e com humildade, é um desqualificado!”. É sinal de que ele “não conseguiu se tornar um cristão maduro”.
“Que o Senhor nos ajude neste serviço fraterno, tão bonito e tão doloroso, para ajudar os nossos irmãos e irmãs a serem melhores e nos ajude a sempre fazê-lo com caridade, na verdade e com humildade”.