Jornal católico “Avvenire” critica “moral” do ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi
O jornal dos bispos católicos italianos, "Avvenire", criticou a decisão da Corte de Cassação de absolver o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi do chamado caso "Ruby", no qual tinha sido condenado em primeira instância por abuso de poder e prostituição de menores.
"Há muito para se refletir sobre como o processo foi levado e sobre suas consequências, mas o resultado favorável a Berlusconi não apaga a importância institucional e moral do caso", escreveu o diretor do jornal, Marco Tarquinio.
De acordo com ele, uma decisão favorável a Berlusconi, cujas motivações jurídicas ainda não foram divulgadas, "não coincide com um certificado de mérito político e aprovação moral".
Por sua vez, o secretário-geral da Confederação Episcopal Italiana (CEI), monsenhor Nunzio Galantino, destacou que "a lei chega chega a até certo ponto, mas o discurso moral é outro". "O Avvenire tomou uma posição corajosa que é apoiada e confirmada por nós", confessou o religioso. Esta não é a primeira vez que a CEI critica comportamentos de Berlusconi. Em setembro de 2011, o então secretário-geral da entidade, Angelo Bagnasco, disse que o ex-premier tinha "comportamentos contrários ao costume público e à sobriedade exigida pela Constituição". Ele definiu o estilo de vida de Berlusconi como "dificilmente compatível com a dignidade das pessoas e com o decoro das instituições e da vida pública".
Berlusconi foi condenado em primeira instância a sete anos de prisão por ter mantido relações sexuais em troca de pagamento com a marroquina Karima el Mahroug, conhecida como Ruby, quando ela ainda não tinha completado 18 anos.
No entanto, em julho do ano passado, a Corte de Apelação de Milão absolveu o ex-premier porque, segundo a juíza Concetta Lo Curto, não havia provas de que ele sabia que Ruby era menor de idade. Nesta semana, a Corte de Cassação ratificou a decisão anterior.