JUSTIFICAÇÃO, GRAÇA, MISERICÓRDIA, MÉRITO e LIBERDADE
Devido ao pecado e à queda do Homem, "a salvação é necessária, e é Deus Quem salva, através de Jesus Cristo" e do seu mistério pascal. Logo, a partir disto, todos os pecados dos homens, no passado e no futuro, serão perdoados por Deus, desde que os homens se arrependam de um modo livre e sincero.
Por outras palavras, a salvação deve-se à justificação, que é "a acção misericordiosa e gratuita de Deus" de nos conceder a salvação. Por isso, esta acção não é fruto do "merecimento humano", mas somente da misericórdia e da graça divina.
A graça é um dom sobrenatural ou "socorro gratuito que Deus nos dá" para sermos "capazes de agir por amor d’Ele", para conceder aos homens todos os bens (espirituais ou materiais) necessários à sua existência e também para tornar-nos filhos de Deus e "participantes da natureza divina, da Vida Eterna".
Aliás, "a própria preparação do homem para acolher" livremente a graça "já é obra da graça" e da predestinação (não-absoluta) de Deus.
Existem vários tipos de graça, sendo o mais importante a graça habitual ou santificante, que é a origem, o início e a responsável pela justificação, conversão e santificação dos homens e por isso "nos foi merecida pela paixão de Cristo e nos foi dada no Baptismo".
Além desta graça, existem ainda as graças atuais, as graças sacramentais e as graças especiais (ou carismas).
Isto explica o facto de a santidade não ser atingido por todos, apesar da vontade de Deus de salvar toda a humanidade.
Há sempre pessoas que vão para o Inferno, simplesmente porque recusaram livremente o arrependimento e a graça da salvação, mesmo até no momento da morte. Mas a liberdade, que foi concedida por Deus, permite também à humanidade receber "o grande presente que brota do sacrifício redentor de Cristo: o participar livremente na construção do seu Reino" e o "tomar o nosso lugar no plano de Deus", como seus filhos e "co-herdeiros de Cristo".
Esta nossa participação, para além da fé, assenta-se também na prática quotidiana das boas obras, cujo mérito ou direito à recompensa deve "ser atribuído antes de mais à graça de Deus e depois à vontade livre do homem".
O homem, que juridicamente "não pode merecer nada" porque recebeu tudo gratuitamente de Deus, pode merecer, por concessão e caridade de Deus. "as graças úteis para nos santificarmos e para alcançar a vida eterna, bem como os bens temporais necessários segundo os desígnios de Deus". Mas, ninguém pode ter o mérito da graça santificante.