Líder da oposição venezuelana envia carta ao Papa para denunciar violação de direitos humanos
O líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, acusou o governo de violar os direitos humanos e os princípios democráticos em uma carta, divulgada este sábado, dirigida ao papa Francisco.
"Os venezuelanos sofrem reiteradas violações dos direitos humanos, sem que os órgãos do poder público instituídos para garantir o proteger estes direitos atuem e muito frequentemente agem mais como protagonistas da transgressão", diz a carta, datada de 12 de junho e enviada ao Vaticano.
Governador do Estado de Miranda, Capriles foi derrotado por Maduro nas presidenciais de 14 de abril com uma diferença de 1,49% dos votos, resultado que a oposição impugnou nos tribunais, acentuando a polarização política do país.
Depois da notícia de que Maduro viaja a Roma este fim de semana para ser recebido no Vaticano pelo Papa Francisco, Capriles anunciou que enviaria ao Pontífice uma carta com detalhes sobre a situação na Venezuela" e para que o santo padre soubesse "com quem está se reunindo".
Na carta, distribuída pela equipe de Capriles, o líder da oposição cita os conceitos de democracia enumerados pelo falecido papa João Paulo II em um compêndio da doutrina social da Igreja.
"Uma autêntica democracia não só é resultado do respeito formal às regras, mas é fruto da aceitação convicta dos valores que inspiram os procedimentos democráticos", citou Capriles.
No caso da Venezuela, continuou o líder opositor, o governo busca impor, "a despeito da Constituição", um "projeto coletivista", desconhecendo "estes valores" democráticos "pois condiciona tudo à aceitação da que se denomina 'a construção do socialismo'".
"Este é o fundo da crise política que nosso país vive", destacou a carta.
Capriles também agradeceu ao Papa que o deputado opositor Edgar Zambrano vá ser recebido nos próximos dias por autoridades do Vaticano.
Em abril passado, o Papa Francisco chamou as forças políticas da Venezuela a estabelecer um diálogo baseado no "reconhecimento mútuo", depois dos protestos de rua que se seguiram à eleição presidencial e que deixaram ao menos 10 mortos e dezenas de feridos.
Na sexta-feira passada, o núncio apostólico de Caracas, Pietro Parolín, fez votos para que o encontro de Maduro com o Papa contribua para a reconciliação das forças políticas.