MISERICÓRDIA PARA O PECADO OU PARA O PECADOR?
Existe uma falsa caridade, resultado de uma indulgência culpável e da debilidade, como a doçura daqueles que não ofendem ninguém, porque tem medo de todos. Há também uma suposta caridade, resultado do sentimentalismo humanitário que busca admitir a verdade e que, muitas vezes, por seu contato, a contamina.
Um dos principais conflitos desse momento é aquele que surge entre a verdadeira e a falsa caridade. Esta última nos faz pensar nos falsos cristos de que fala o Evangelho; eles são mais perigosos antes de serem desmascarados do que quando se fazem conhecer como verdadeiros inimigos da Igreja.
"Optima corruptio pessima", a pior degradação é aquela que nos atrai para o que há de melhor, até a mais alta virtude teologal. O bem aparente que atrai o pecador é, de fato, ainda mais perigoso porque é o simulacro (a representação) de um bem maior; como por exemplo o ideal dos “pan-cristãos” que buscam a união das igrejas em detrimento da fé que essa união supõe.
Se, então, por estupidez ou covardia daqueles que deveriam representar a verdadeira caridade, aprovam alguma coisa que se afirma ser falso, pode-se resultar em um dano incalculável, às vezes até maior do que daqueles que se fazem perseguidores declarados, com o qual mostram que não se pode ter nada em comum.
Pelo Pe. Garrigou Lagrange, em As três idades da vida interior (T I – cap. VIII)