Morre Bento XVI
O papa emérito Bento XVI morreu na manhã deste sábado (31), aos 95 anos de idade, quase uma década após sua renúncia ao comando da Igreja Católica.
“Com dor, informo que o papa emérito Bento XVI morreu hoje, às 9h34, no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano”, disse o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.
Seu corpo ficará exposto para a despedida dos fiéis a partir da manhã da próxima segunda-feira (2), enquanto o funeral foi marcado para quinta (5),às 9h30 (horário local), na Praça São Pedro, em cerimônia presidida pelo papa Francisco.
“Seguindo o desejo do papa emérito, o funeral ocorrerá sob o signo da simplicidade. Será solene, mas sóbrio. O pedido explícito do papa emérito é de que tudo tivesse a marca da simplicidade, seja no funeral, nos ritos ou nos gestos nesse tempo de dor”, afirmou Bruni.
A província de Roma espera receber milhares de pessoas para o funeral, informou o líder local, Bruno Frattasi.
“Das 2h da manhã às 16h, durante a exposição do féretro do papa emérito, na Praça São Pedro, estão previstas entre 30 mil e 35 mil pessoas por dia. Para o funeral em si, no dia 5 de janeiro, esperamos entre 50 mil e 60 mil pessoas”, disse Frattasi à imprensa.
O quadro de saúde de Joseph Ratzinger começou a se agravar nos dias anteriores ao Natal, quando ele apresentou problemas respiratórios, porém a situação se tornou pública apenas na última quarta (28), após Jorge Bergoglio pedir “orações” dos fiéis pela saúde de seu antecessor.
Na tarde daquele mesmo dia, ao fim de uma missa no Mater Ecclesiae, o papa emérito recebeu a extrema-unção.
Nascido na pequena cidade de Marktl am Inn, no estado alemão da Baviera, em 16 de abril de 1927, Ratzinger era filho de um policial e uma cozinheira e, na adolescência, foi membro da Juventude de Hitler, etapa obrigatória para jovens durante o regime nazista.
Após a queda da Alemanha na Segunda Guerra, foi prisioneiro dos aliados durante um breve tempo e, após conquistar a liberdade, enveredou pelos estudos religiosos, tornando-se padre e obtendo doutorado em teologia.
No ano de 1977, Ratzinger foi nomeado arcebispo de Munique e Freising pelo papa Paulo VI e, em junho do mesmo ano, tornou-se cardeal.
Em 1981, já com a fama de teólogo respeitado, foi nomeado por João Paulo II como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, importante dicastério da Cúria Romana herdeiro da Santa Inquisição.
De orientação conservadora, ele permaneceu no cargo até abril de 2005, quando venceu o conclave para escolher o sucessor de João Paulo II.
Em fevereiro de 2013, no entanto, renunciou ao trono de Pedro alegando não ter mais forças para seguir na função, abrindo caminho para a ascensão do progressista Francisco. Bento XVI foi o primeiro papa a renunciar em cerca de 600 anos.
Após sua abdicação, Ratzinger passou a viver de forma reclusa no Mosteiro Mater Ecclesiae, fazendo raras aparições públicas. Sua rotina era marcada por orações, leituras, correspondências, música e passeios nos Jardins Vaticanos.
O papa emérito Bento XVI fez um alerta para que todos os fiéis “permaneçam firmes na fé”, em seu testamento no livro “Nada além da verdade”, escrito pelo seu secretário pessoal, Georg Ganswein, e que será publicado no início de janeiro.
“Permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir! Jesus Cristo é verdadeiramente o caminho, a verdade e a vida – e a Igreja, com todas as suas insuficiências, é verdadeiramente o Seu corpo”, diz a mensagem.