Muitos que se dizem católicos, vão à Igreja mais por um ato social e não pela convicção religiosa
No evangelho,de Mateus, fazemos uma contraposição entre os de dentro, que escutam a palavra de Deus, compreendem as parábolas e o seu significado recôndito e cresce; e os de fora, para os quais tudo é enigmático, tudo é misterioso e não compreendem coisa alguma.
O evangelista se serve até mesmo de um texto paradoxal de Isaías: “Isto acontece para que vendo não enxerguem, para que ouvindo não escutem, não se convertam e eu não os cure!”. Um texto paradoxal. Ele deve ser entendido da seguinte maneira: Se alguém teimar em ficar de fora, se não se dignar a entrar, Deus aceita esta decisão. E, mesmo assim, manda que se pregue, manda que se explique, manda que se fale: “Os de dentro entendem, os de fora não compreendem coisa alguma.” Isto é muito comum a quem tem cura de almas, aos Pastores de todas as épocas, de todos os tempos, a nós que vivemos unidos ao nosso povo. Quando um sacerdote celebra e prega, sobretudo por ocasião de Missas de Sétimo Dia, existem aqueles que só vão à Igreja por esta ocasião. E vão lá mais por uma questão social do que por convicção religiosa.
Se nota que ao mesmo tempo em que se fala, existem alguns que prestam atenção e que recebem aquelas palavras com o coração aberto, com coração generoso. Percebemos que existem pessoas interessadas em receber a mensagem, enquanto outros, nós mesmos notamos com nossos olhos pelas atitudes que assumem, pelo modo como estão ali, que estão a “anos luz” longe daquilo que estamos pregando. Estes são os de fora, estes são aqueles para os quais tudo se passa enigmaticamente. Agora, o texto de Isaías é paradoxal e nos faz repetir: “Se eles teimarem em continuar de fora, se eles teimarem em permanecerem na “periferia da fé”, na “periferia do cristianismo”, buscando sempre o menos possível nas suas relações com Deus, eles poderão, e correm realmente o risco de perder até o pouco que julgam ter, enquanto os de dentro fazem verdadeiros progressos na fé.
É um texto evangélico que, assim explicado, se transforma num espelho da realidade atual. O Evangelho é pregado sem ambiguidades, Jesus Cristo é pregado claramente, com palavras claras, nenhum mistério é oculto, existem os de dentro e existem os de fora, existem aqueles que compreendem porque têm um coração dócil e aberto e existem os de fora, com coração duro, fechado e que correm o risco de permanecerem a vida inteira de fora. E Deus aceita esta opção. Se aceita, e mesmo assim manda que pregue, de certa maneira a deseja, deseja não antecedentemente mas como fruto de uma opção feita por uma criatura Sua, de quem respeita profundamente a liberdade.