Novo papa não fará grandes mudanças ante temas polêmicos, dizem especialistas
Uma maior abertura do diálogo com regiões fora do circuito europeu, mas com a manutenção de dogmas que, não raro, esbarram em polêmicas que já custaram à Igreja Católica desgaste e perda de fiéis mundo afora –como o uso de contraceptivos e a união de pessoas do mesmo sexo. Para especialistas, esses são elementos a se esperar do pontificado do cardeal Jorge Mario Bergoglio, nomeado papa Francisco 1º.
Para os estudiosos, a escolha de um latino-americano no conclave que durou dois dias reflete o que eles consideram uma "maior atenção" à movimentação católica na América Latina –que congrega 425 milhões de adeptos da religião. Por outro lado, eles apostam que as ações de Francisco 1º deverão seguir a linha já adotada pelo antecessor, Bento 16, tanto em relação aos dogmas causadores de controvérsias, como diante de crimes envolvendo religiosos –sobretudo a pedofilia.
"Os europeus estão muito atentos às nossas falas, e vê-se um desejo de unidade muito profunda dentro da igreja. Isso fica claro com a escolha de um latino-americano, pois a Cúria não está mais voltada só para a Europa", avaliou o diretor da Faculdade de Teologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Valeriano Costa.
Por outro lado, o teólogo definiu que o novo papa, à medida em que precise ampliar o diálogo com a sociedade, terá também de "tocar a igreja de forma mais ágil e mais presente, e possivelmente sugerindo alguma reforma na Cúria" –sem que, os entanto, os dogmas sejam afetados.
Já o vaticanólogo Giancarlo Nardi avaliou que a escolha do argentino para o comando da igreja "vai manter o rebanho unido e fazer as escolhas de que a igreja precisa".
Mas ressalvou: "É um religioso conservador; não esperem que esse papa faça grandes mudanças na igreja, pois sua grande preocupação é reunir a cúria romana, a igreja católica, os fiéis espalhados pelo mundo e, logicamente, ajudar as pessoas menos favorecidas", ponderou.