O MEDO QUE O ATEÍSMO MILITANTE ESCONDE
Uma conferência dedicada ao estudo das origens do universo teve de ser cancelada, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), depois de pressões de um grupo de ateus. Tudo porque na mesa de discussões se incluíam nomes da corrente criacionista, tese que se opõe às teorias de Charles Darwin. Entre os convidados, estavam o físico americano Russell Humphreys e o arqueologista da Universidade Adventista de São Paulo (Unasp), Rodrigo Silva. Em sua defesa, a Unicamp justificou o cancelamento do “1° Fórum de Filosofia e Ciência das Origens", alegando a falta de “integrantes que pudessem debater o tema sob todos os pontos de vista".
A nota da universidade parece piada. Se a academia, de fato, se preocupasse com o debate “sob todos os pontos de vista", bastaria o convite de um ou mais professores especializados na matéria, para fazer a discussão. Evolucionistas estão por toda parte. A razão para essa atitude obscurantista vai mais longe. Ainda que, atenção!, houvesse a presença de debatedores de diferentes correntes científicas, o evento não seria permitido, pelo menos no que dependesse dos militantes neo-ateus. Essas pessoas não estão minimamente interessadas no diálogo ou no debate. Elas já fizeram uma escolha. A escolha pela intolerância, pelo radicalismo anticientífico e – vejam só! – pelo dogmatismo.
Não importa que o evolucionismo seja apenas uma teoria. Não importa se o “elo perdido" continua perdido. Importa submeter a ciência às determinações do ateísmo. E aí vale qualquer coisa. Vale, por exemplo, impedir a participação de uma pessoa considerada inimiga, simplesmente por defender ideias diferentes, como fizeram com Bento XVI, em 2008, proibindo-o de proferir um discurso na abertura do ano letivo da Universidade de Roma, “La Sapienza". Ironicamente, a referida universidade foi fundada por outro papa: Bonifácio VIII, em 1303. Vale também enxotar um senhor de 70 anos de uma palestra, a despeito de sua contribuição para a academia, como aconteceu na Unesp, em Franca (SP), em 2012, quando da participação do príncipe dom Bertrand de Orleans e Bragança, numa discussão sobre a relação da família real brasileira na construção do país e sobre alguns novos documentos de arquivo pessoal da princesa Isabel.
Em contrapartida, contrariando todos os rótulos e acusações pueris, é a Igreja quem mais favorece o diálogo, sobretudo na pesquisa científica. Bento XVI, quando prefeito da Congregação para Doutrina da Fé, sempre gostou de debates, enfrentando, de igual para igual, pessoas do calibre de Jurgem Habermas e Paolo Flores D'Arcais. Mais recentemente, o Papa Emérito surpreendeu a opinião pública, respondendo, com 11 páginas impecáveis, às indagações do ateu Piergiorgio Oddifreddi, feitas no livro “Caro Papa, escrevo-te". O resultado foi “um diálogo entre a fé e a razão" que – segundo narra Oddifreddi – “permitiu a ambos um confronto franco (…) opostos em quase tudo, mas unidos em torno de um único objetivo: a busca da Verdade com letra maiúscula."
A Igreja Católica possui um dos maiores e mais respeitados centros de pesquisa científicas do mundo. Para vergonha da militância ateísta, a Pontifícia Academia das Ciências, da Santa Sé, possui, entre os seus membros, um total de 72 prêmios Nobel, se contando aqueles que já faleceram. A página da Academia dá a lista completa. Diante desse currículo, só mesmo o fanatismo e a obstinação burra de alguns ativistas anticlericais para insistir na alcunha de que a fé é inimiga da razão.
Mas o que escondem os militantes ateus que não querem debater?
É preciso dizer, de antemão, que o Magistério católico “não proíbe que nas investigações e disputas entre homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo", desde que essas investigações “sejam ponderadas e julgadas com a devida gravidade, moderação e comedimento, contanto que todos estejam dispostos a obedecer ao ditame da Igreja, a quem Cristo conferiu o encargo de interpretar autenticamente as Sagradas Escrituras e de defender os dogmas da fé."Ora, Deus, em sua infinita grandeza, bem poderia criar o mundo em seis dias ou em um zilhão de anos, através de uma progressão lenta e contínua. A Igreja não discute isso!
Contudo, a fim de solapar os fundamentos da fé, os militantes ateus ultrapassam esses limites, dando à teoria evolucionista um caráter dogmático, alheio às suas fundações, e, sobretudo, antirreligioso, como se na origem do universo estivesse o nada. Uma tal proposta é não somente absurda, como carece de sustentação. Além disso, dentro da comunidade científica, o evolucionismo não é nenhuma unanimidade.
A teoria evolucionista que defende a existência do mundo a partir de uma série de causalidades não é um ataque à fé, é um ataque à razão. Nesta evolução, não existe o ser, não existe o Logos, a razão criadora que dá sentido a todas as coisas. Há apenas um fluxo contínuo de transformações que não se sabe como começou nem quando vai terminar. Em última análise, significa a própria negação da espécie humana e de sua mente. Não é de se espantar que o darwinismo tenha desembocado justamente nos regimes mais assassinos da história: o nazismo e o comunismo. Ambos buscavam a evolução do homem; o homem novo.
Brincava o escritor G.K. Chesterton, descrevendo as consequências do pensamento evolucionista: “Descartes disse: 'Penso; logo, existo'. O filósofo evolucionista inverte e negativiza o epigrama e diz: 'Não existo; portanto, não posso pensar'". Eles não podem pensar…
Eis aí a razão pela qual os militantes ateus da Unicamp exigiram o cancelamento do debate: eles não podem pensar. A simples hipótese de confrontar a incoerência evolucionista com o Logos criador lhes causa calafrios. Isso se chama medo. Medo de enxergar o óbvio. Medo do diálogo. Medo de partir em busca daquela Verdade com letra maiúscula, como dizia Oddifreddi a propósito de seu debate com Bento XVI. E uma ciência pautada no medo não pode produzir bons frutos. A loucura do velho Nietzsche que o diga!
Não, Deus não está morto!