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Os sinais da presença do Espírito Santo na Alma

Paramentos Litúrgicos

Considerai, em primeiro lugar, que a maneira mais segura de sabermos se o Espírito Santo está ou não presente à alma é por seus frutos.

O Espírito de Deus nunca está ocioso; Ele é um fogo que sempre queima, sempre se move, sempre tende para o alto. Se nada disto vemos em nossa alma, temos bons motivos para crer que Ele não está em nós. Seus frutos são a caridade, a alegria, a paz, a paciência e muitos outros; ora, se não temos nenhum desses frutos, Ele não está conosco.

Ouve, pois, meu filho: como está a tua fé? firme? viva? Ou antes débil e morta? Ela se manifesta no dia-a-dia? Tens vivido por ela?

Qual é a tua esperança? O que pensas das coisas eternas? Que cuidado tens das coisas do espírito? Como é a tua devoção?

Como amas a Deus e ao próximo? Alimentas o desejo de progredir diariamente nas veredas de Deus? Se te examinares nestes pontos, ser-te-á fácil julgar se tens ou não o Espírito Santo ao teu lado. E não há mais seguro indício da presença divina do Espírito do que um constante e fervoroso desejo de amar a Deus cada dia mais, de O conhecer e cumprir-Lhe a vontade em todas as coisas. E tu, acaso encontras em ti o desejo de O amar e agradar? Se dizes que sim, então o Espírito de Deus não pode estar longe de ti.

Considerai agora que, sendo infinita a distância que separa o Espírito de Deus do pecado voluntário, outro dos sinais seguros de que o Espírito Santo habita nossa alma é a vontade firme e constante de evitar todo pecado deliberado, com a determinada determinação de nunca mais admitir, sob o aspecto que for, tudo quanto seja pecaminoso. Ó minh’alma, quais as tuas disposições a esse respeito? Estás tu inteiramente empenhada em ser, tanto na vida como na morte, fiel e leal ao teu Deus? Renuncias resolutamente, agora e para sempre, a Satanás e suas obras? É esta a tua constante e assentada decisão de nunca mais transgredir a lei sagrada e os Mandamentos de Deus, seja por honras mundanas ou prazer, por respeito humano, seja por amor ou medo a quanto o mundo pode dar ou subtrair, seja enfim por qualquer outro motivo? Se esta é a tua sincera disposição e determinação, o Espírito Santo está contigo; mas se, pelo contrário, não te vês assim decidida, não há em teu coração espaço para Ele, pois Satã o está ocupando.

Considerai, em terceiro lugar, que aonde quer que o Espírito Santo se dirija Ele convence “o mundo do pecado, da justiça e da sentença” ( Jo 16, 7). Ele convence, pois, a alma do pecado na medida em que a ilumina com a sua presença, fazendo-a compreender a feiúra do pecado, bem como o número e a gravidade de suas próprias faltas, e inspirando-lhe um horror por esse monstro infernal e um desejo de exterminá-lo pela penitência. O Espírito também a faz enxergar manchas onde ela julgava estar limpa, e humilha o seu orgulho convencendo-a de suas várias culpas. Ó alma, sabes já o que é estar convencido do pecado?

Com sua vinda o Espírito Santo convence-a também da justiça de Cristo e de sua lei celestial, da beleza das virtudes e da santidade, do prazer e da felicidade que se sentem ao servir a Deus de perto. Estás convencida, ó alma, disso tudo na prática? Preferes de fato o maná descido do Céu às lentilhas do Egito?

O Espírito Santo, ainda uma vez por sua vinda, convence a alma do falso juízo que ela até agora tem formado, ao seguir o mundo e o príncipe deste mundo, o qual já foi julgado e condenado, e do reto juízo que deve ter de todas as coisas, a fim de livrar-se do julgamento que, caso não o faça, Deus fará recair um dia sobre ela. E tu, ó minh’alma, te vês convencida desse julgamento? Estão os teus juízos acerca da verdade e do erro, da veracidade e da vaidade, do tempo e da eternidade, retificados pelo Espírito Santo? Não tens por acaso, por um perverso engano, seguido o príncipe deste mundo, em vez de Cristo; as máximas mundanas, que não passam de mentiras, em vez do exemplo dos santos, que ponderam todas as coisas na balança da santidade? Que o teu modo de julgar as coisas resista à prova do último grande Julgamento.

Concluí, pois, que é examinando os sinais como os aqui descritos que podeis discernir se o Espírito de Deus está ou não convosco. Se percebeis em vós algum dos indícios de sua presença, rendei-Lhe humildes ações de graças; não vos fieis, porém, de vós mesmos, a fim de não serdes ludibriados por vosso amor-próprio, ou separados do Espírito por causa do vosso orgulho. Se, por outro lado, não sois capazes de perceber as marcas de que Ele vos acompanha, chorai vossa miséria, e não vos deis nenhum descanso; chorai lágrimas de penitência, rezai com fervor, recorrei enfim a todos os meios de O trazer de volta às vossas almas, até que possais ter outra a vez a esperança de O terdes em vossos corações.

Por D. Richard Challoner

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