Papa autoriza culto em Medjugorje, mas não confirma veracidade do fenômeno
O Papa Francisco deu sinal verde para o culto de Nossa Senhora de Medjugorje, cidade da Bósnia-Herzegovina onde fiéis católicos alegam ver aparições da Virgem Maria desde a década de 1980, mas não reconheceu a autenticidade do fenômeno e alertou contra a presença de assim chamados “videntes”.
O aval foi formalizado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, principal órgão da Santa Sé em matéria de teologia, após décadas de discussões iniciadas em 1981, quando seis crianças de etnia croata tiveram uma visão de Nossa Senhora em Medjugorje, então pertencente à Iugoslávia.
Na ocasião, segundo os relatos, a Virgem se apresentou como “rainha da paz” e passou uma mensagem de reconciliação e conversão. Até hoje, milhões de peregrinos visitam a cidade todos os anos.
No documento, o Vaticano justifica a autorização para o culto com o argumento de que a peregrinação em Medjugorje gera “frutos positivos, abundantes e disseminados”. “Mas isso não implica declarar como autênticos os supostos eventos sobrenaturais”, ressaltou o dicastério, acrescentando, por outro lado, que não foram detectadas “falsificações ou mitomania” nos relatos das aparições.
“Não consideramos essas mensagens como revelações privadas porque não temos certeza de que sejam mensagens da Virgem Maria, mas as acolhemos como textos edificantes que podem estimular uma bela experiência espiritual”, explicou o cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé.
O Vaticano também alertou que a peregrinação não deve ser realizada com o objetivo de encontrar “supostos videntes” e que algumas mensagens relatadas por fiéis são “problemáticas”, sobretudo aquelas em que Nossa Senhora daria datas precisas para acontecimentos.
“Esse é o modelo da Virgem carteira que o papa Francisco rejeita. Essas mensagens se explicam apenas a partir dos desejos pessoais de supostos videntes”, salientou Fernández.