Papa Bento XVI concede entrevista transmitida pela televisão nesta Sexta-feira Santa
O Papa Bento XVI considerou nesta sexta-feira, em entrevista transmitida pela televisão, que "as instituições" no Iraque e "todos aqueles" que tenham realmente possibilidade" devem "fazer alguma coisa" para ajudar os cristãos, ameaçados por islamitas a emigrar.
Com estas palavras, respondeu, assim, através da RAI italiana, a um grupo de estudantes iraquianos cristãos e perseguidos, por ocasião da Sexta-Feira Santa, evocando a série de atentados, como os de 31 de outubro passado, assumido pela Al-Qaeda, que fez 46 mortos, na catedral siríaca católica de Bagdá.
"Naturalmente, as instituições e todos os que têm realmente a possibilidade de fazer alguma coisa por vocês no Iraque devem fazê-lo", recomendou o soberano pontífice.
"Queremos um trabalho de reconciliação, de compreensão, igualmente com o governo, para ajudá-los num caminho difícil de recompor uma sociedade dilacerada", acrescentou.
Segundo o papa, a Igreja deve "fazer o possível" para que os cristãos "possam permanecer, para que possam resistir à tentação de migrar, compreensível, tendo em vista as condições em que vivem".
A comunidade cristã do Iraque, que contava com entre 800.000 e 1,2 milhão de membros, não ultrapassa, hoje, as 400.000 pessoas.
"A Santa Sé mantém contato permanente com as diferentes comunidades, não apenas com as católicas, mas com outras cristãs, assim como com os irmãos muçulmanos, sejam eles xiitas ou sunitas", prosseguiu Bento XVI.
A sociedade iraquiana "está profundamente dividida, dilacerada e não tem mais a consciência de ser, na diversidade, um povo com uma história comum, e onde cada um tem seu lugar", lamentou.
"Queremos, através do diálogo, com diferentes grupos, ajudar o processo de reconstrução e encorajá-los, caros irmãos cristãos do Iraque, a terem confiança, a serem pacientes, confiando em Deus e colaborando nesse processo difícil", concluiu.
Os ataques de que foram vítimas os cristãos do Oriente Médio nos últimos meses despertaram grande preocupação do Vaticano com essas antigas comunidades, presentes antes do Islã, num momento em que as relações com diversas autoridades muçulmanas são tempestuosas.
As respostas do Papa foram gravadas no dia 15 de abril na biblioteca do palácio apostólico. (Fabio Botto)