Papa Bento XVI explica significado de dizer “Creio” em concerto no Vaticano
O Papa foi homenageado com um concerto ofertado pelo presidente da Itália, Giorgio Napolitano. A apresentação aconteceu na Sala Paulo VI, no Vaticano, por ocasião do sexto aniversário do início do Pontificado de Bento XVI, comemorado recentemente. A Orquestra e o Coro do Teatro da Ópera de Roma executaram as obras Credo RV 591,de Antonio Vivaldi, e o Stabat Mater, de Gioachino Rossini. No início da apresentação, Napolitano felicitou o Santo Padre pelo aniversário pontifício. Ao final do concerto, o Bispo de Roma dirigiu algumas palavras aos presentes.
"'Credo', 'Amém': são as duas palavras com as quais se inicia e se conclui o 'Credo', a 'Profissão de fé' da Igreja, que escutamos. O que significa dizer creio? É uma palavra que tem vários significados: indica acolher algo entre as próprias convicções, ter confiança em alguém, estarmos convictos. Quando, porém, a dizemos no 'Creio', essa palavra assume um significado muito mais profundo: é afirmar com confiança o sentido verdadeiro da realidade que nos sustenta, que sustenta o mundo; significa acolher esse sentido como o sólido terreno sobre o qual podemos estar sem temor; é saber que o fundamento de tudo, de nós mesmos, não pode ser feito por nós, mas pode ser somente recebido. E a fé cristã não diz 'Eu creio em alguma coisa', mas bem 'Eu creio em Alguém', no Deus que se revelou em Jesus, n'Ele percebo o verdadeiro sentido do mundo; e esse crer envolve toda a pessoa que está em caminho rumo a Ele. A palavra 'Amém', pois, que em hebraico tem a mesma raiz da palavra 'fé', retoma o mesmo conceito: o confiante descansar sobre a base sólida, Deus", disse.
O Papa abordou a obra Credo RV 591,de Antonio Vivaldi, fazendo três observações.
A primeira é a ausência de solistas, havendo somente o coro. Desse modo, Vivaldi quis expressar o 'nós' da fé: "O 'Creio' é o 'nós' da Igreja que canta como comunidade de fiéis a sua fé; o 'meu' afirmar 'creio' está inserido no 'nós' da comunidade", explicou o Sucessor de Pedro. A segunda são alguns trechos centrais – Et incarnatus est e Crucifixus, que ressaltam o momento em que Deus, que parecia distante, se faz próximo, se encarne a doa a si mesmo sobre a Cruz. Por fim, o Papa lembrou um grande expoente do teatro veneziano, Carlo Goldoni, no seu primeiro encontro com Vivaldi, que disse tê-lo encontrado circundado pela música e com o Breviário nas mãos. "Vivaldi era sacerdote e a sua música nasce da sua fé", salientou o Pontífice.
Quanto à segunda obra executada na noite, Stabat Mater, de Gioachino Rossini, Bento XVI recordou que é uma grande meditação sobre o mistério da morte de Jesus e sobre a dor profunda de Maria.
"Queridos amigos, espero que as músicas desta noite tenham nutrido também a nossa fé. Ao Senhor Presidente da República Italiana, aos solistas, aos integrantes do Teatro da Ópera de Roma, aos organizadores e a todos os presentes, renovo a minha gratidão e peço uma recordação na oração, pelo meu ministério na vinha do Senhor. Ele continue a abençoar a vós e aos vossos queridos. Obrigado", concluiu.