Papa denuncia cultura do descarte e “epidemia de inimizade”
O papa Francisco disse que o mundo está sofrendo de uma “epidemia de inimizade” e pediu o fim das “divisões e rejeições” em sua mais recente denúncia da “cultura do descarte”.
O apelo foi feito em uma mensagem assinada pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e enviada aos organizadores e participantes do próximo “Encontro de Rimini para a Amizade entre os Povos”.
“Enquanto, infelizmente, a guerra e as divisões semeiam ressentimento e medo nos corações, e o outro que é diferente de mim é muitas veze percebido como um rival, a comunicação global e penetrante faz com que essa atitude generalizada se torne uma mentalidade, que as diferenças aparecem sintomas de hostilidade e ocorre uma espécie de epidemia de inimizade”, afirmou o Pontífice.
Neste contexto, Francisco ressaltou que o título do encontro soa audacioso: “A Existência humana é uma amizade inesgotável”.
Segundo ele, é “ousado porque vai claramente na contramão, em uma época marcada pelo individualismo e pela indiferença, que gera solidão e muitas formas de excluir pessoas de forma descartável”.
No texto, o argentino reforça ainda que esta “é uma situação da qual é impossível sair com as própria forças”, principalmente porque a “humanidade sempre a experimentou: ninguém pode salvar a si mesmo”.
Além disso, Parolin recorda que, “dirigindo-se aos jovens, o Santo Padre exaltou o valor da verdadeira amizade, que dilata o coração”, e que ” a atitude de abertura aos outros como irmãos e irmãs é uma das marcas do pontificado de Jorge Bergoglio, do seu testemunho e do seu magistério”.
“A lei da amizade foi estabelecida por Jesus com estas palavras: Ninguém tem maior amor do que este: dar a vida pelos seus amigos (Jo 15,13). Por isso, o Santo Padre pede aos cristãos e a todos os homens e mulheres de boa vontade que não fiquem surdos ao grito que se eleva a Deus deste nosso mundo”, acrescentou.
Para o líder da Igreja Católica, “não bastam os discursos, mas são necessários gestos concretos e escolhas compartilhadas para construir uma cultura de paz onde cada um de nós vive: ‘reconciliarse com a família, amigos ou vizinhos, rezar por quem nos feriu, reconhecer e ajudar quem precisa, levar uma palavra de paz nas escolas, universidades ou na vida social, ungindo com proximidade quem sente sozinho”.
De acordo com ele, “é um caminho que todos podem percorrer e a Igreja não se cansa de incentivá-lo a percorrê-lo, praticando quase teimosamente este supremo ser humano e virtude cristã”.
Por fim, o religioso diz que a iniciativa precisa “ser um lugar de amizade entre pessoas e povos, abrindo caminhos de encontro e diálogo”.
“Nesta hora conturbada da história, o Papa os encoraja para que nunca falte a vontade de ter uma ‘amizade inesgotável'”, finaliza a mensagem, enfatizando que Francisco “espera que o evento continue a promover a cultura do encontro, aberto a todos, ninguém excluído”.