Papa Francisco à Igreja armênia: peçamos gestos concretos de reconciliação
O papa Francisco recebeu o Sínodo Patriarcal da Igreja Armênia Católica por ocasião da celebração deste domingo na basílica de São Pedro, em que "elevaremos a oração em sufrágio cristão pelos filhos e filhas do vosso amado povo que foi vítima há cem anos".
Em seu discurso, Francisco disse que será invocada a Divina Misericórdia "para ajudar a nós todos, no amor pela verdade e pela justiça, a sanar toda ferida e acelerar gestos concretos de reconciliação e de paz entre as nações que ainda não conseguem chegar a um consenso razoável sobre a leitura desses tristes acontecimentos".
O papa também saudou os sacerdotes, religiosos e religiosas, seminaristas e fiéis leigos da Igreja Armênia Católica, muitos deles presentes em Roma e outros muitos unidos espiritualmente nos países da diáspora.
“Penso com tristeza”, prosseguiu o papa, “em particular nas regiões como Aleppo, que, há cem anos, foram um porto seguro para os poucos sobreviventes. Esta região tem visto em perigo, neste último período, a permanência dos cristãos, não só armênios”.
Francisco recordou também que esse povo tem uma história bimilenar e cuida de um patrimônio admirável de espiritualidade e cultura, unido a uma grande capacidade de recuperar-se depois de tantas perseguições e provações a que foi submetido. Por isso, o papa os convidou a cultivar o reconhecimento ao Senhor "por terem sido capazes de manter a fidelidade a Ele, mesmo nas épocas mais difíceis".
O pontífice afirmou que, para quem crê, a pergunta sobre o mal realizado pelo homem leva também ao mistério da participação na Paixão redentora. "Não poucos filhos e filhas da nação armênia puderam pronunciar o nome de Cristo até a efusão do sangue ou até a morte por inanição, no êxodo interminável a que se viram obrigados".
É importante "fazer memória do passado para aproveitar dele a seiva nova e alimentar o presente com o anúncio alegre do Evangelho e com o testemunho da caridade". Assim, ele os incentivou a cuidar da formação permanente dos sacerdotes e das pessoas consagradas, como seus primeiros colaboradores. "A comunhão entre eles e vocês será reforçada pela fraternidade exemplar que poderão ver no seio do sínodo e com o patriarca".
Ao terminar seu discurso, o papa fez menção a Bento XV, que interveio junto ao sultão Mehmet V para cessar o massacre dos armênios. Aquele pontífice, recordou Francisco, foi um grande amigo do Oriente cristão.
Francisco confiou à intercessão de São Gregório de Narek, recentemente declarado doutor da Igreja, o diálogo ecumênico entre a Igreja Armênia Católica e a Igreja Armênia Apostólica, consciente de que, tanto há cem anos quanto hoje, o martírio e a perseguição já realizaram o “ecumenismo do sangue”.