Papa Francisco admite permitir aos homens casados católicos tornarem-se padres
O Papa Francisco diz estar aberto à possibilidade de permitir que homens casados católicos possam tornar-se padres. Essa seria uma forma de combater a falta de sacerdotes e de membros do clero na Igreja Católica Romana, que representa “um grande problema”, disse o Papa ao jornal alemão Die Zeit. “Se assim for, seria preciso definir que deveres esses padres poderiam assumir, por exemplo, em comunidades remotas”, explicou.
Esses homens passariam a chamar-se pela Igreja “viri probati”, o termo latim para “homens testados” e que significa que apenas homens casados católicos com “uma fé e virtude excepcionais” podiam passar a ser membros do clero. Os padres solteiros não seriam, no entanto, autorizados a casar depois de serem ordenados sacerdotes: “O celibato voluntário não é solução”, afirmou o Papa.
Até agora, os homens casados pela Igreja Católica de rito latino são admitidos ao primeiro grau do sacramento da Ordem e podem tornar-se diáconos depois de terem completado 35 anos, algo que foi restaurado pelo Concílio Vaticano II (1962-1965). No entanto, o diaconado exercido por homens que se queiram candidatar ao sacerdócio só pode ser concedido a solteiros, explica a. Agência Ecclesia
Esta situação não seria inédita na Igreja Católica: os padres casados protestantes que se queiram converter ao catolicismo podem permanecer casados e serem ordenados sacerdotes católicos romanos. No entanto, essa permissão depende também da permissão da mulher com quem contraíram matrimónio. Outro caso é o das igrejas católicas orientais, reconhecidas pela Igreja Católica Romana, cujos podem estão autorizados a casar.
O Papa não deu uma data para o eventual estabelecimento dessa medida: “Trata-se de explorar o tema, não de abrir uma porta. O tempo dirá o que a comissão vai apurar”, ressalvou. Esta medida marcaria uma mudança de opinião do Papa Francisco no que toca ao celibato: no livro “Sobre o Céu e a Terra”, o Papa Francisco escrever ser a favor de manter o celibato “com os prós e contras que isso traz porque já foram dez séculos com mais boas experiências do que fracassos”.