Papa Francisco diz que reconciliação entre EUA e Cuba é “exemplo”
O papa Francisco afirmou em discurso em território cubano, que a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos é um "exemplo" para mundo atual.
"É um exemplo de reconciliação para o mundo e o mundo precisa desse exemplo porque vivemos um momento de uma terceira guerra mundial em partes", destacou o líder dos católicos. Jorge Mario Bergoglio ainda disse que "há vários meses, vemos um processo que nos enche de esperança" e que "após anos de distância, dois povos se reúnem", sendo uma "vitória do diálogo".
O sul-americano foi considerado fundamental por ambos os lados para que a reconciliação ocorresse. Ele intercedeu em diversas fases dos meses de conversas secretas entre os líderes dos EUA e de Cuba. O Pontífice começou seu discurso agradecendo as "palavras gentis" do presidente Raúl Castro e saudou as autoridades políticas e religiosas que estavam no local e ao povo cubano.
Ele ainda aproveitou para saudar o ex-presidente Fidel Castro.
Francisco lembrou os seus predecessores, João Paulo II e Bento XVI, por retomarem os "laços" entre a Santa Sé e Cuba e pediu para que a Igreja "opere em Cuba com liberdade e com espaços necessários". O argentino lembrou dos cem anos das celebrações para Nossa Senhora do Cobre e que ela "abençoe o caminho de paz e de reconciliação".
"Geograficamente, Cuba é um arquipélago que olha para todos os caminhos, chave entre norte sul e leste e oeste. Sua vocação natural é ser um ponto de encontro para que todos se unam, como sonhou José Martí. Assim também foi o chamado de João Paulo II para que Cuba se abra o mundo e o mundo se abra para Cuba", ressaltou.
Por sua vez, em seu longo discurso, Castro afirmou ser uma "honra" a visita do Jorge Mario Bergoglio e que o povo cubano estava acolhendo a viagem "com muito afeto, respeito e hospitalidade".
Citando a importância da "justiça social", o presidente destacou todos os desafios que o governo cubano tem para "dividir a riqueza". Com uma crítica ferrenha ao capitalismo, o líder da ilha caribenha citou os efeitos que o sistema causa na sociedade, especialmente, nos mais pobres e nos imigrantes.
"Esses são os abandonados do mundo, que clamam por seus direitos, em um momento de justiça tão injusta", falou Castro.
Ele ainda ressaltou a importância do cuidado da natureza, um dos temas mais caros ao sucessor de Bento XVI, e acusou os países ricos e às multinacionais de serem "predadores" dos recursos naturais e da biodiversidade.
Lembrando da participação de Bergoglio na normalização das relações com os Estados Unidos, Castro ainda pediu o fim do embargo econômico à ilha e a devolução do território onde está instalada a prisão militar de Guantánamo.