PAPA JOÃO PAULO II – PONTIFICADO DE 1978 A 2005
Karol Wojtyla, nasceu no dia 18 de maio de 1920, na cidade de Wadowice, cidade do sul da Polônia, tendo sido batizado poucos dias após o nascimento na igreja de Santa Maria de Wadowice.
Desde a mais tenra idade, foi educado nos preceitos da Santa Religião. Logo a cruz de Cristo iria manifestar-se a ele através de duras provações, com que deparou-se num espaço de 12 anos, compreendido entre a pré-adolescência até a juventude. Aos 21 anos de idade, sozinho no mundo, já havia amargado a perda dos pais e dos irmãos. Aos 09 anos de idade, ano da sua Primeira Comunhão, a mãe não resistiu pouco após ter dado a luz a uma menina, que também morreu antes de nascer. Alguns anos após, perdeu o irmão e em seguida (1941), também o pai, durante a guerra.
Nesta época, já nutria grande amor pelo teatro e pelas artes literárias polonesas. Estudante, chegou a pensar em continuar os estudos de filosofia e linguística. Entretanto, a guerra transcorria e as tropas alemãs determinaram o fechamento de todas as universidades. Foi quando ele reuniu um grupo de jovens e, na clandestinidade, organizaram uma universidade, onde estudou filosofia, idiomas e literatura. Paralelamente, conheceu o Cardeal Sapieha, durante uma visita pastoral. Tão impressionado ficou com seu interlocutor, que passou a considerar a forte possibilidade de abraçar o sacerdócio.
Antes, porém, de decidir pelo ingresso num seminário, Karol trabalhou duramente como operário numa pedreira. Ali aproximou-se da sensibilidade, da exaustão física e do grande fervor religioso, muito peculiar aos trabalhadores e sofredores que o cercavam. Já no ano seguinte (1942), tomou a resoluta decisão de ingressar no Seminário. Durante anos permaneceu ocultamente, cursando o seminário do Departamento Teológico da Universidade de Jaguelloniana, sob acolhimento e direção do Cardeal de Cracóvia. Foi ordenado sacerdote quatro anos depois (1946) e em 23 de setembro de 1958, consagrado bispo Auxiliar do administrador apostólico de Cracóvia. Falecendo, em 1964 o Monsenhor Baziak, tornou-se titular da cadeira, sendo que dois anos após, o Papa Paulo VI converteu a cidade em Arquidiocese. Como arcebispo, enfrentou diversos obstáculos, principalmente a oposição do regime comunista, que muitas duras investidas perpetrou contra a Igreja no país. Ele, como ninguém, conheceu de perto todos os danos malignos e as perseguições movidas pelo regime ateu contra a Igreja de Cristo. Três anos depois de assumir a direção da arquidiocese (1967), o Papa Paulo VI lhe conferiu o título de Cardeal.
Com a morte do Papa Paulo VI, em 1978, os Cardeais da Igreja reuniram-se em Conclave e elegeram Albino Luciani, de 65 anos, que adotou o nome de João Paulo I, numa homenagem aos seus dois últimos predecessores, João XXIII e Paulo VI. Em curto espaço de tempo, João Paulo I cativou o mundo com sua peculiar alegria, com a qual rapidamente passou a ser conhecido popularmente com o carinhoso apelido de "Papa Sorriso". Trinta e três dias após sua nomeação, quis Deus levar o novo Papa eleito para a eternidade. Em novo Conclave, os Cardeais elegeram, quarenta dias depois, Karol Wojtyla como chefe da Igreja, precisamente no dia 16 de outubro de 1978. Adotou o nome de João Paulo II, homenageando assim, seus três predecessores, João XXIII, Paulo VI e João Paulo I. Foi o primeiro Papa não italiano dos últimos 450 anos e o mais jovem desde 1846 (tinha 58 anos de idade).
Desde o início, consagrou seu pontificado e entregou-se totalmente nas mãos de Nossa Senhora, sob o lema "Totus Tuus" (Todo Teu). Já no início de sua jornada apostólica, quebrou um procedimento padrão de seus antecessores, partindo em viagens apostólicas, totalizadas em 125 países visitados ao fim de seu pontificado, levando sempre sua mensagem de esperança, fé e principalmente exortações sobre a santa doutrina da Igreja.
Era filho fiel e intenso propagador da devoção mariana. Aliás, seu estreito laço com Maria Santíssima, remontam as palavras de Nossa Senhora de Fátima, no dia 13 de maio de 1917 aos três pastorinhos, já indicando que seria ele o instrumento de Maria para derrubar o comunismo. Na época, Nossa Senhora havia profetizado: "A Rússia, espalhará seus erros pelo mundo, mas no final, o meu Imaculado Coração triunfará!". Durante sua luta, no dia 13 de maio de 1981, sofreu o atentado na Praça de São Pedro, e cuja vida foi salva por Nossa Senhora de Fátima, conforme o próprio Santo Padre publicamente declarou. Posteriormente, no ano 2000, por ocasião da revelação do 3º. segredo de Fátima, o mundo tomou conhecimento pela Irmã Lúcia, que o "bispo vestido de branco" era o próprio João Paulo II.
Após o atentado de 1981, fez questão de conversar com o autor dos disparos, o jovem turco Mehmet Ali Agca, que o baleara diante de 10 mil fiéis na Praça de São Pedro. Perdoou-lhe publicamente, mas o teor da conversa, o Santo Padre jamais revelou, provavelmente por tratar-se de segredo de confissão. Agca, após julgamento, foi condenado à prisão perpétua. Na época, apresentou diversas versões contraditórias sobre os motivos do atentado, mas a partir daquele encontro, passou a demonstrar grande respeito e afeto pelo Papa João Paulo II. Apesar do episódio ainda estar envolto em mistérios, Agca declarou recentemente, que na ocasião estava a serviço da inteligência Russa e do governo Búlgaro, que teriam a intenção de matar o Papa por causa da luta empreendida contra o comunismo.
Durante sua visita de agradecimento ao Santuário de Fátima, o Papa rezou diante da imagem da Virgem e em seguida, ofereceu a Nossa Senhora de Fátima um anel, que recebeu do Cardeal Stefan Wyszynski, no início do seu pontificado. Outra homenagem que o Santo Padre prestou à Virgem de Fátima, ocorreu alguns anos após o atentado, quando decidiu entregar a bala que ficou no jipe, para que fosse guardada no Santuário. Segundo o relato do Cardeal Ângelo Sodano, por iniciativa do bispo daquela diocese, a bala foi encastoada na coroa da imagem de Nossa Senhora de Fátima. No ano 2000 foi que deu-se a revelação do Terceiro Segredo, feita publicamente pelo Vaticano, conforme confirmação anterior de Irmã Lúcia.
Seu pontificado ficará para sempre marcado pela queda do comunismo no Leste Europeu. Com apoio e plena participação do então presidente da Rússia Mikhail Gorbatchev e do presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, o Papa João Paulo II foi a peça-chave escolhida por Nossa Senhora, para o desmantelamento do comunismo que imperava nos países integrantes da cortina de ferro. Graças à sua disposição e autoridade, influenciou a restauração não só da democracia e do sistema político nestes países, mas o pleno exercício da liberdade religiosa, especialmente na sua terra natal, a Polônia. O início deste grande marco, deu-se em 1989 com a queda do muro de Berlim, que dividia a Alemanha Oriental da Ocidental. Era o início da demolição em efeito cascata, que aniquilaria em curtíssimo espaço de tempo, o comunismo no leste europeu.
No decorrer da sua caminhada, tratou com zelo ardentíssimo pelas causas internas da Igreja. Em nenhum momento, se lhe deixou escapar das mãos a sua preocupação com a preservação da santa doutrina. Em diversas vezes reagiu ferozmente contra dissidências no interior da Igreja, reafirmou todos os ensinamentos católicos, contra a homossexualidade, aborto, eutanásia, métodos contraceptivos como meio de evitar a aids ou contracepção, sexo antes do casamento, métodos artificiais de reprodução humana, controle de natalidade, clonagem humana, manipulação genética, envolvimento de religiosos com partidarismos políticos, ordenação de mulheres, defesa do celibato clerical, contra o regresso de padres casados. Combateu o surgimento de pretendidas inovações junto ao culto divino, especialmente a teologia da libertação e suas ramificações de cunho marxista, e uma imensa gama de reivindicações, contrárias aos santos ensinamentos. Pela sua personalidade e fidelidade às causas da esposa de Cristo, foi alvo de diversas resistências e perseguições. Se por um lado, conquistou a simpatia de uma grande multidão de fiéis católicos, muitos odiosamente lhe moveram sérias críticas, diante da sua firme postura na preservação da imutável doutrina da Igreja.
Exerceu papel preponderante e foi referência mundial nos conflitos mundiais ocorridos durante seu pontificado, em especial à questão do Iraque. Combateu veementemente o terrorismo, ao mesmo tempo que envidou todos os esforços para evitar o ataque dos Estados Unidos ao Iraque, temendo uma catástrofe religiosa entre muçulmanos e cristãos. Mas admitiu o uso da força, afirmando que deveria ser usada como "última opção" e sob certas condições. Reafirmou ser legítima a luta contra o terrorismo, em janeiro de 2002, durante seu tradicional discurso aos membros do corpo diplomático credenciado no Vaticano. Isto proporcionou a aproximação de relações do presidente dos Estados Unidos, George W. Busch que, posteriormente, em visita ao Vaticano, ouviu do Santo Padre sérias advertências sobre a denúncia dos abusos praticados pelos soldados aliados contra os prisioneiros iraquianos.
O Papa João Paulo II, escreveu inumeráveis encíclicas, cartas apostólicas, e foi o Papa que mais presidiu canonizações, mais de 450. Outro importante marco de seu pontificado, foi a implantação dos Mistérios Luminosos ao santo Rosário, que refletem as contemplações desde o batismo de Jesus, até a Instituição da Eucaristia.
Nos últimos cinco anos, o mundo testemunhou sucessiva fragilização da saúde do Papa. Mesmo contrariando todas as orientações médicas, foi incansável no seu apostolado. Mesmo debilitado, fez ainda diversas viagens apostólicas, presidiu missas, cerimônias, inúmeros compromissos e audiências públicas e privadas. Os rumores de renúncia ao cargo que, volta e meia, maldosamente eram divulgados pela imprensa, certamente contribuíram em muito para o seu agravamento final. Para ele, renunciar ao cargo, significava renunciar à sua cruz, que soube carregar corajosamente até o último dia de sua vida. A sua serenidade, o seu exemplo, representou novo vigor, estímulo e conforto, especialmente aos doentes e sofredores. Apesar do enorme fardo, quer pelo peso dos anos, quer pela dolorosa agonia, enfrentou com fé e tranqüilidade a aproximação da morte, em alusão às palavras de consolo, que ele mesmo proferiu aos fiéis no início de seu pontificado: "Não tenham medo!", ou, como Santa Teresinha do Menino Jesus: "Não morro, entro na vida".