Pela 1ª vez, Vaticano responde à ONU sobre pedofilia
No dia em que será examinado pelo Comitê das Nações Unidas sobre o Direito das Crianças, o Vaticano negou que tenta obstruir as investigações sobre casos de pedofilia cometidos por sacerdotes.
Nesta quinta-feira (16), representantes do Vaticano prestam esclarecimentos à ONU sobre o que o Estado tem feito para conter os abusos sexuais, em um painel em Genebra, na Suíça.
Signatário da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança desde abril de 1990, o Vaticano apresentou seu primeiro relatório sobre o tema em 1994, examinado em 1995. Essa, porém, é a primeira vez que a Santa Sé se pronunciará após um pedido oficial do comitê da ONU.
O organismo enviou uma série de perguntas ao Vaticano em julho de 2013, mas no fim do ano passado a Santa Sé se negou a disponibilizar documentos referentes às investigações dos casos de pedofilia.
"O empenho da Santa Sé e dos Papas na defesa dos direitos das crianças não é de agora. A Santa Sé aderiu à convenção de 1989, ratificou dois protocolos sobre prostituição infantil e violência, lutou contra os abusos do clero e deu amplas e eficazes respostas à discriminação de filhos fora do casamento", defendeu o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
Por sua vez, o representante da Santa Sé na ONU, monsenhor Silvano Tomasi, disse que "impedir o andamento da justiça, em qualquer país, em detrimento da sua legítima jurisdição, seria uma interferência indevida e injusta".
"A Santa Sé defende o direito e o dever de todo país de julgar qualquer crime contra menores de idade. Portanto, não convém a crítica de que se tenta interferir e obstruir o andamento da justiça. Pelo contrário, como o papa Francisco insiste em dizer, queremos que haja transparência e que a justiça siga seu curso", completou. O Vaticano já recebeu dezenas de denúncias de pedofilia em todo o mundo. Uma das punições aplicadas pela Santa Sé é afastar os sacerdotes envolvidos nos casos e realizar uma investigação interna.