Discussão

Por dentro das atribulações e dos sofrimentos se escondem graças preciosíssimas

Paramentos Litúrgicos

Na carta de Paulo aos colossenses existe uma afirmação normalmente mal traduzida em nossa língua: “Eu”, diz Paulo, “me alegro dos sofrimentos que suporto por vós, completando em minha carne o que falta aos padecimentos de Cristo.” Ao ler esta carta, tem-se a impressão de que os padecimentos de Jesus não foram suficientes. O texto assim traduzido parece dizer que Jesus não realizou uma redenção plena, e que compete a Paulo completá-la. Jamais Paulo afirmaria isso de Cristo! O texto bem traduzido deveria soar da seguinte maneira: “Estou feliz e contente em completar, na minha carne, os sofrimentos de Cristo”. Assim traduzido, os sofrimentos de Cristo estão completos e plenamente realizados Nele. Jesus não nos oferece uma redenção incompleta; não é necessário que ninguém complete Seus sofrimentos na própria carne.

De que maneira falta ao cristão tomar parte nos sofrimentos de Cristo? Com outras palavras: Jesus realizou Seu mistério pascal, mistério de Morte e Ressurreição, não a título pessoal – Ele o fez para todos nós. Cada qual está pessoalmente implicado em Sua Morte e Ressurreição, mas aprouve a Deus que os sofrimentos de Cristo se tornassem realidades presentes em Seus discípulos. Assim, todos nós tomamos parte pessoal na Paixão, a fim de poder participar também de Seu aspecto glorioso, ou seja, a Ressurreição. Os sofrimentos de Cristo completam-se plenamente, mas Deus quer que recebamos Seus estigmas, pois deseja que nos pareçamos com o Jesus desfigurado e transfigurado; é por isso que Paulo aceita na sua carne os sofrimentos do Senhor, pois ele conhece a condição indispensável de nossa transformação em Cristo.

Quando você sofrer ou estiver atribulado, não se esqueça: por dentro desse sofrimento e tribulação, se esconde uma graça preciosíssima: você se configura à cruz de Cristo para se configurar plenamente à glória pascal que Ele possui na Eternidade e que deseja comunicar-nos.

As coisas se passam diferentemente de como muitos imaginam. Normalmente se raciocina da seguinte maneira: agora sofro, mas após a morte receberei a recompensa. Se assim fosse, sofrimentos atuais e recompensa futura possuiriam vínculo muito tênue e estariam apenas justapostos. Na realidade, os sofrimentos atuais suportados pacientemente por amor a Cristo são a “matéria” a partir da qual provém a glória do céu. O mesmo passou-se com Cristo. Sua Ressurreição não se seguiu simplesmente à Paixão e Morte na cruz. O Ressuscitado é o Crucificado. O quarto Evangelista intuiu bem quando insiste nas chagas gloriosas presentes no Corpo de Jesus ressuscitado.

Naturalmente, se tem em mira aqueles sofrimentos que estão diretamente relacionados com a vida em Cristo, isto é, aqueles que, não fosse a fé, não existiriam. São as pessoas que positivamente aceitaram perder-se neste mundo para se reconquistar no outro, de acordo com a promessa de Jesus.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo