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Prelado servia de ‘”fachada” para transações suspeitas no Vaticano

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O prelado da Santa Sé detido pela polícia italiana servia de "fachada" para transferências suspeitas de Mônaco feitas através do Instituto para as Obras de Religião (IOR), indicaram nesta quarta-feira dois jornais italianos.

Nunzio Scarano, um padre nomeado "monsenhor" apenas pelo tempo que ficou no Vaticano, trabalhava como contador na Administração do Patrimônio da Sede Apostólica (APSA), organismo que administra os bens da Santa Sé, e é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.

Segundo documentos da polícia citados pelo jornal Corriere della Sera, ele servia "de fachada, dissimulando o beneficiário real das operações financeiras e impedindo assim o rastreio do dinheiro".

De acordo com os investigadores, Scarano utilizava contas bancárias do IOR para realizar transferências de dinheiro para contas de amigos, com o objetivo de repatriar da Suíça 20 milhões de euros, fruto de uma fraude fiscal praticada por um intermediário financeiro napolitano.

O prelado e o intermediário negam as acusações.

Scarano também teve seu telefone grampeado pela polícia, e algumas dessas escutas foram divulgadas pelo jornal Il Messaggero.

Em uma das conversas, após ter sido questionado pelo Vaticano sobre uma retirada de 15.000 euros, ele diz a um de seus amigos: "precisei dizer que era para uma obra de caridade. Você tem noção? Cada um precisa cuidar de seus problemas".

Em uma outra conversa, ele tenta tranquilizar um dos amigos após o início de uma investigação sobre lavagem de dinheiro no IOR.

"Eles disseram (aos investigadores) que eu era uma autoridade do Vaticano, que tratava-se de fundos pessoais, fruto de minhas atividades e também de doações".

Ele ainda afirma que a direção do IOR assegurou que os investigadores "não podem questionar o saldo de sua conta e, mesmo que o fizessem, não diriam para não criar mais problemas".

Segundo a imprensa, a polícia italiana investiga treze transferências suspeitas através do Banco do Vaticano que se somam a outras operações judiciais em andamento.

As transferências têm um valor total de um milhão de euros e são similares às transações no valor de 23 milhões de euros que em 2010 desencadearam uma investigação sobre o banco.

Segundo a imprensa, a investigação já está em sua fase final e a procuradoria está perto de levar à justiça o diretor-geral do banco, Paolo Cipriani, e seu adjunto, Massimo Tulli, que renunciaram no início desta semana.

A investigação da procuradoria de Roma revelada pela imprensa mostra que por algumas das 19.000 contas do banco, que pertencem tanto a religiosos quanto a laicos que trabalham no Vaticano, transitou dinheiro de origem duvidosa.

Para vaticanistas, esses casos estão ligados à limpeza do banco iniciada pelo Papa Francisco.

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