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Promotor do Vaticano pede prisão de repórter que vazou papéis da Igreja Católica

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A promotoria do Vaticano pediu a condenação do jornalista Gianluigi Nuzzi, autor de um livro sobre as finanças da Igreja Católica, a um ano de reclusão no processo conhecido como "Vatileaks 2", que investiga o vazamento de documentos secretos da Santa Sé.   

Segundo o procurador-adjunto Roberto Zannotti, o repórter cometeu "cumplicidade moral" na divulgação de arquivos sigilosos, por meio de sua "presença e disponibilidade", que contribuíram para "reforçar o propósito da revelação das notícias nos sujeitos que a forneceram". O também jornalista Emiliano Fittipaldi é réu no processo, mas a acusação pediu sua absolvição por falta de provas.   

Os documentos foram entregues pelo monsenhor Lúcio Ángel Vallejo Balda, pelo seu assistente Nicola Maio e pela consultora Francesca Immacolata Chaouqui, para quem o procurador-adjunto pediu penas de três anos e um mês, um ano e nove meses e três anos e nove meses de prisão.   

Os três trabalhavam na Comissão de Estudos sobre as Atividades Econômicas do Vaticano (Cosea), órgão criado pelo papa Francisco em 2013 para monitorar as finanças da Santa Sé, mas já dissolvido. De lá saíram os arquivos que abasteceram livros lançados no fim de 2015 por Nuzzi e Fittipaldi.   

O primeiro é autor de "Via Crucis", que relata os duros ataques do Pontífice argentino contra os dirigentes que comandaram as finanças da Igreja nos anos anteriores à sua chegada ao poder.   

"Os custos estão fora de controle", "Há armadilhas" e "Se não sabemos cuidar do dinheiro, como cuidaremos da alma dos fiéis?" são algumas das frases atribuídas a Jorge Bergoglio.   

Já Fittipaldi escreveu "Avarizia" (Avareza), livro que, baseado em documentos confidenciais, traça os primeiros mapas do império financeiro da Santa Sé e denuncia gastos luxuosos por parte de membros do clero. Entre outras coisas, o volume conta como centenas de milhares de euros foram usados em voos de classe executiva, roupas sob medida e móveis de luxo. Outra denúncia acusa o Instituto para as Obras de Religião (IOR) de segurar quantias destinadas a ações de caridade.   

O episódio fez com que o menor país do mundo revivesse o clima do "Vatileaks" de 2012, quando arquivos sigilosos foram levados à imprensa e abalaram o pontificado de Bento XVI. "Segundo a acusação vaticana, essas notícias não deveriam ser divulgadas, e quem as publica é moralmente partícipe do desenho criminoso.   

Resumindo, é um crime", declarou Fittipaldi, que, embora absolvido, disse contestar o processo desde sua origem.   

"Não é um ataque específico a dois jornalistas, podia ser qualquer um no meu lugar e no de Nuzzi. É um ataque específico à liberdade de imprensa", acrescentou.

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