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QUANDO OS LIVROS E FILMES NOS AJUDAM A DESCOBRIR UMA HISTÓRIA OCULTA – PELA CATEQUISTA MÔNICA ROMANO

Paramentos Litúrgicos
Filme Livros e filmes são minha grande paixão. Amo. E no ano de 2011 quando estava coordenando uma turminha de catequese, fui surpreendida por alguns questionamentos. Sabe como é criança; quando pergunta, você tem que ter a resposta, e de preferência a resposta correta, caso contrário, você corre o riso de perder a confiança da criança.

A questão era a seguinte, existe alguma mensagem subliminar no filme "AS CRÔNICAS DE NÁRNIA"? Fiquei pensativa por alguns instantes, e me lembrei do filme, um dos poucos que vi, sem antes ler a obra, e realmente na ocasião me fez lembrar a história da Salvação. 

Clive Staples Lewis, ou C.S.Lewis, escritor das CRÔNICAS DE NÁRNIA, que estão subdivididas em sete volumes, é um cristão protestante Anglicano, e assim foi educado por seus pais. Andou afastado do cristianismo por um tempo, até encontrar com John Ronald Reuel Tolkien, ou J.R.R. Tolkien, este católico praticante, escritor da trilogia “ O SENHOR DOS ANÉIS”. Ambos Saxônicos, Lewis nasceu na Irlanda, Tolkien, na Inglaterra (que inversão magnifica de nacionalidades! Pois, é sabido que a maior parte da população inglesa é Anglicana, e a Irlandesa, católica ); isso é só um fato histórico bom de se alisar.

Voltando a nossa reflexão, o Livro/ filme a que estamos analisando, no caso as Crônicas de Nárnia, trazem as mensagens cristãs que Lewis quis passar.

 
Em “ O LEÃO, A FEITICEIRA E O GUARDA ROUPA ” , podemos fazer ligações bem conscientes de figuras Bíblicas, Lewis soube colocar a mensagem do Evangelho de forma SUBLIMINAR de jeito que temos que analisar com muita calma…
 
Poderíamos relacionar o guarda roupa, com um “portal” , um portal é um veículo místico que nos transporta de um mundo para o outro. Nárnia é um outro mundo, diferente do nosso real. Nós , também sabemos que existe um Novo Mundo, Uma Nova Terra, Um paraíso onde os filhos eleitos de Deus vivem a Vida Eterna.
 
Aslam, o leão pode ser relacionado com Jesus, na Bíblia O chamamos de Leão de Judá ( Ap. 5,5 ). Aslam “ espera” pelos humanos, para juntos salvarem Nárnia do mal, no caso um inverno que dura cem anos! Aslam, se oferece em sacrifício , pela vida de Edmundo, que cometeu uma traição, Aslam ressuscita.
 
Edmundo, como já dito, é o traidor do grupo, no filme ele tem a chance de se regenerar.
 
Pedro, irmão mais velho, é o líder, não é por acaso este nome, Pedro líder dos apóstolos…
 
As meninas Lúcia e Susana, são as “filhas de Eva”, elas representam Maria Madalena, e as outras mulheres que foram ao túmulo onde Jesus havia sido depositado, e o encontraram ressuscitado.
 
A feiticeira, como era de esperar "encarna” o mal.
 
O LEÃO, A FEITICEIRA E O GUARDA ROUPA, a primeira vista é um filme lúdico, bem feito, que solta a nossa imaginação, muito inocente. Diríamos uma batalha do bem que vence o mal, mas com certeza Lewis, queria nos dizer mais. Queria com certeza que conhecêssemos a história do Evangelho, queria preparar as crianças para algo que só a fé pode explicar: Vencer a morte, ressuscitar!
 
Pode passar despercebido quando nós compramos esta ideia. Sim,  achamos que descobrimos a chave do segredo mas, se assistirmos de novo e vermos novamente, tirarmos mais um véu, vamos encontrar “outra verdade” neste conto de Lewis. Na história, é Aslam que espera pelos “filhos de Adão e Eva”, os humanos, porém na verdade deveria ser o contrário, Jesus é que é o esperado para nos salvar do inverno , da escuridão que nós somos submetidos através do pecado. Não é o ser humano capaz de salvar sua alma, sem que Jesus o faça (Jô 15,5). O ser humano pode e deve contribuir para esta salvação, mas ela é dom , graça divina. Podemos entender também a posição de Aslam como um querer da contribuição humana nesta história da salvação, isto pode ser admitido, uma vez que Jesus solicitou a ajuda dos seguidores no reavivamento de Lázaro… Mas o conto nos fala de uma “profecia” de que os filhos de Adão, iriam salvar Nárnia… Isto dá o que pensar.
 
Na parte de sacrifício, por exemplo, vemos as  situações descritas na profecia de Isaías, Is 50:6: "Ofereci as minhas costas aos que me feriam, e as minhas faces aos que me arrancavam a barba; não escondi o meu rosto dos que me afrontavam e me cuspiam." Existe uma cena assim, o que chama a atenção e é de se estranhar, é que Aslam negocia esta rendição de Edmundo com o  próprio mal, como se o mal tivesse poder sobre nós… Ora, Jesus oferece sacrifício ao Pai, não ao mal… Outro aspecto importante: O sacrifício, tão esquecido hoje em dia por nós cristãos. Tem gente que acha que fazer penitência é sacrifício, esta palavra ficou tão banalizada, e assim nos faz pensar que o que Jesus fez por nós é pouco, mas não é , o problema aqui, no filme, consiste de este “sacrifício” ter sido feito sobre uma pedra, bem aos moldes pagãos, totens.
 
As figuras mitológicas, são outro capítulo à parte. São faunos, castores falantes, centauros, fadas… claro que Lewis usou com maestria as histórias celtas do seu país de origem que estão muito arraigadas no conhecimento popular, mas será que tornar estas figuras atraentes às crianças, também não prejudica o cristianismo e faz com que as lutas dos doutores da Igreja e pais dela caiam por terra? Quando a custo de muito sangue martirizado, apagaram o panteísmo e as práticas de magia, praticas estas que levam ao culto de outros deuses, e fazem a História da Salvação parecer tão sem graça, fazem querer mostrar que existe um “ caminho mais fácil”  a seguir do que pegar a cruz e sofrer com Cristo? Além de abrir a mente das crianças, para um caminho que pode ser sem volta; se elas forem seduzidas pela magia, pelas fadas, duentes, e bruxos.
E você, assistiu o filme? Leu o livro? Teve a nossa mesma impressão? Compartilhe comigo suas impressões. No próximo post, vamos dar sequência e analisar outro volume, " O PRÍNCIPE CASPIAN".
 
Mônica Romano é catequista em Belo Horizonte, Minas Gerais, e colaboradora do portal Catolicismo Romano.

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