Responsável do Vaticano contesta “discriminação ideológica” de escolas católicas
O prefeito da Congregação para a Educação Católica (Santa Sé) criticou o que classificou como “discriminação ideológica” em relação às escolas católicas na Europa.
"Em toda a Europa, e sobretudo nalguns países, incluindo a Itália, há esta discriminação ideológica de pensar nas escolas católicas como escolas privadas. Em relação às do Estado são privadas, mas não têm como objetivo o lucro, não fazem para ter lucro, mas para prosseguir a missão de poder instruir toda a população, todos os jovens", declarou o cardeal Giuseppe Versaldi, em entrevista divulgada ao site da RTP e à Antena1.
O responsável do Vaticano evitou referir-se especificamente ao caso português, após as recentes polémicas ligados aos colégios com contrato de associação, mas alertou para a existência de uma “ideologia antirreligiosa” na Europa e no mundo ocidental que procura “excluir Deus da vida pública”.
Essa ideologia, acrescentou, leva a considerar que só de deve ensinar “em nome da ciência”, fechando qualquer discurso “àquilo que transcende os fenómenos mensuráveis das ciências modernas".
Como consequência, assinala o prefeito da Congregação para a Educação Católica, verifica-se uma redução do apoio que o Estado dá às escolas católicas, “por serem consideradas privadas, apesar de prestarem um serviço público".
O cardeal Giuseppe Versaldi sustenta que o papel da família na educação vem antes do Estado e da Igreja, lamentando que as mesmas vejam limitada a sua liberdade de opção.
"O conceito de liberdade, tão proclamado nas democracias ocidentais, nestes casos é sacrificado em nome de um nivelamento da cultura ao positivismo científico, que impede os pais de poderem dar aos filhos uma educação também aberta aos valores transcendentes”, precisa.
Para o responsável da Santa Sé, as famílias têm direito a que os filhos sejam educados “segundo as suas próprias convicções”, incluindo as religiosas.
O cardeal italiano adverte ainda para as consequências de uma sociedade “envelhecida na cultura e nos valores" e para a necessidade de formar professores com uma visão de “educação integral, não apenas intelectual ou a pensar na eficiência económica”.