RITO, IGREJA E LITURGIA MARONITA
A Igreja Maronita é uma igreja cristã, do rito oriental, em plena comunhão com a Sé Apostólica, ou seja, reconhece a autoridade do Papa, o líder Igreja Católica Apostólica Romana. Tradicional no Líbano, a Igreja Maronita possui ritual próprio, diferente do rito latino adotado pelos católicos ocidentais.O rito maronita prevê a celebração da missa em língua aramaica. Os maronitas tiveram vários de seus religiosos canonizados ou beatificados.
Os Maronitas são os Cristãos Católicos Orientais que devem seu nome a São Maron. Em documentos siríacos muito antigos, podemos ler esses vocábulos: Os fieis de Beth (casa) Maron, Calcedônios de Beth Maron, aqueles de Mar Maron… Esses vocábulos significam uma única palavra que os substituirá, a palavra Maronita que será dada a um povo que no Patriarcado de Antioquia seguiu a orientação religiosa de São Maron e seus discípulos.
A Igreja Maronita é uma Igreja católica, de rito oriental, em plena comunhão com a Sede Apostólica Romana, ou seja, ela reconhece a autoridade do Papa. Tradicional no Líbano, essa Igreja Oriental possui ritual próprio, diferente do rito Latino adotado pelos católicos ocidentais. O rito maronita prevê a celebração da missa em língua siro-aramaico, a língua que Jesus Cristo falava.
A Igreja Católica possui duas raízes: a ocidental ou romana e a oriental. Dentro desta segunda, quatro são as sedes patriarcais que marcaram sua historia: Jerusalém, Alexandria (Egito), Antioquia e Constantinopla. Dentro do grupo de Igrejas antioquenas existem dois grupos: sírio- ocidental e sírio oriental. A Igreja Maronita forma parte do grupo sírio-ocidental, sendo o siríaco sua língua litúrgica. Integra-se, pois, na tradição cristã oriental, sendo seu povo das raízes mais antigas de toda a Cristandade.
A Igreja Maronita é a única entre todas as Igrejas orientais que permaneceu em plena comunhão com Roma durante todos os séculos, apesar das tremendas provações suportadas pelos Maronitas e causadas pelos Monofisitas, Bizantinos, Mamelucos e Otomanos ( Turcos). Além disso, essa Igreja constitui um fato único dentro da Igreja universal. Ela é a única no mundo que nunca teve uma facção separada do Catolicismo.Todas as outras Igrejas Católicas têm paralelamente a elas uma ou mais Igrejas gêmeas separadas do Catolicismo. Assim da Igreja Latina ou Romana se separaram os Protestantes e os Anglicanos. Todas as Igrejas Orientais Católicas – menos a Igreja Maronita – se dividem em duas facções desiguais, uma Católica e outra Ortodoxa.
A liturgia Maronita pertence, por sua origem, ao grupo de liturgias siríacas antioquenas. No século IV, a língua literária do povo de Antioquia era o grego. Mas o siríaco foi a língua vernácula da população rural. São João Crisostomo (345-407) disse que do seu tempo, o povo das aldeias vizinhas de Antioquia que vinham a esta capital para as grandes festas, participavam ao ajuntamento da celebração eucarística, mas não entendiam a homilia feita em grego. Theodoreto, bispo de Cyr, e originário de Antioquia dizia também, que toda a região que ele conhecia perfeitamente entre Antioquia e Aleppo tinha como língua o siríaco. Por isso, o siríaco na liturgia substituirá pouco a pouco a língua grega, como mais tarde é o árabe que substituirá em grande parte a língua siríaca nos países de língua árabe.
Esta liturgia continua em representar a antiga liturgia antioquena do século IV, apesar de estar carregada, em nossos dias, do que as diferentes camadas da evolução e da historia têm acrescentado nela através dos séculos. Ela é universalmente conhecida sob a denominação de Liturgia de Santiago apostolo, primeiro Bispo de Jerusalém . Dela existem manuscritos desde o século VIII.
Os monges de São Maron conservaram essa liturgia em sua forma primitiva e se opuseram a que fosse bizantinizada. De modo que a liturgia Maronita, apesar das modificações introduzidas, conserva ainda intacto o selo de antiguidade, seu cunho de simplicidade grandiosa e a nota daquelas formosíssimas orações que são como uma compilação poética das Sagradas Escrituras.
A tradição siro-aramaica antioquena se caracteriza, tanto em sua forma teológica como em sua expressão litúrgica e nas articulações fundamentais de sua espiritualidade, por uma adesão à verdade de Cristo. Isto, sem nenhum dos ajudantes humanos filosóficos, aos quais as duas outras tradições, a grega e a latina, recorrem para melhor explicitar e viver o conteúdo da mensagem cristã. A sua própria vocação é ficar o mais perto possível do texto bíblico, recusando toda outra terminologia.
Por isso, em matéria de liturgia, essa tradição se apresenta como uma terceira via situada entre a liturgia bizantina de assunção e a liturgia latina de encarnação. A arte aqui e ali prova a inclinação para um Cristo de gloria e um Cristo de paixão. A liturgia siríaca reproduz, em seu desenvolvimento e na vida das comunidades, um modo intermediário entre esta gloria e esta paixão…A maior parte das orações é fruto delicioso da pena de Santo Efrém denominado “harpa do Espírito Santo”, do grande mestre Jacob de Sarug e de muitos outros padres da Igreja de Antioquia que compuseram, na calma da meditação, estas belas orações.
A língua, como já falamos, é o siríaco ou siro-aramaico, isto é, o mesmo idioma que falou Jesus Cristo e que lhe serviu na Ultima Ceia para a instituição da Sagrada Eucaristia. A Liturgia Maronita conserva, pois, a nota sublime destas palavras da consagração.
Na concepção dos Cristãos orientais, a renovação litúrgica é naturalmente a primeira direção para a qual devemos tender para elaborar toda renovação eclesial ou paroquial. A liturgia é considerada como o “sacramento do povo de Deus” em marcha para a terra prometida, reunindo-se ao redor do seu chefe, o Cristo, na prefiguração de um ajuntamento final do qual fala o autor do Apocalipse. Com efeito, a palavra “igreja”, em siríaco, é “ Knuchto” e significa: ajuntamento.
Esse povo de Deus estando em marcha, cada homem em particular é um peregrino acompanhado pela liturgia durante toda sua vida: no nascimento, no amor, a alegria e a morte. Para os Orientais igualmente, a liturgia é, por conseguinte, o ponto de partida de toda evangelização e o ponto de finalização da vida cristã. A ação litúrgica na tradição oriental é a principal fonte de alimento espiritual.
Para estudar a renovação litúrgica na Igreja Maronita, é inútil seguir, sem distinção, os critérios em honra na liturgia do Ocidente. Porque a Genesis das culturas e das mentalidades constitui ao Oriente e ao Ocidente personalidades distintas, não superior uma a outra, mas simplesmente diferentes.
O interesse que os Maronitas Libaneses dão à renovação do Missal, eclipsa, a seus olhos, toda outra necessidade de renovação litúrgica. Em quanto o livro do Missal não fosse renovado, eles permanecem cépticos à toda possibilidade de renovação. Este valor dominante, o valor do verbo, é uma das principais razoes que “concentra” a renovação em livros determinados, por nosso caso o Missal. Por isso, a Comissão Litúrgica Maronita empenhou-se em fazer a renovação deste livro que, após varias tentativas, ficou vigente em 2001.
Tem que ser da “civilização da Palavra”, do livro, para compreender o que é a renovação de um livro litúrgico. Parece que a necessidade de permutar tem privilegiado alguns valores típicos da civilização oriental. Pode-se dizer que esta é fundamentalmente a civilização da Palavra. Após a pedra, são as palavras que o homem do Oriente Próximo empenhou-se em polir com perseverança. Esta dupla prevalência da palavra e do escrito é um dado permanente que ressurge até os níveis mais espirituais do comportamento humano.
Podemos dizer, finalmente, que a característica talvez mais evidente da Liturgia Maronita é a de ser popular. Parece claro aqui que a missa é o sacrifício de toda a Assembléia, que dele participa efetivamente. Durante o sacrifício, o povo deve manter um dialogo continuo com o celebrante, e suas aclamações lembram os Primeiros Cristãos rodeando seu Bispo na fração do pão.
No dia 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX proclamou solenemente o dogma da Imaculada Conceição, isto é, a Virgem Maria foi concebida no seio de sua mãe sem a mancha do pecado original. A grandeza deste evento teve uma consonância extraordinária no mundo cristão, em geral, e no mundo católico, em particular. Espalhou a alegria e a tranqüilidade em muitos países. Cinqüenta anos mais tarde, a Igreja Católica celebrou o jubileu de ouro do estabelecimento deste dogma. Nesta ocasião o Patriarca Maronita e o Núncio Apostólico no Líbano e Síria, de comum acordo, inspiraram aos Libaneses um impulso de fé e de entusiasmo para homenagear a Virgem Maria. Tiveram a idéia de erguer um monumento religioso para perpetuar a lembrança da confirmação do dogma da Imaculada Conceição e para destacar o amor do povo libanês a Maria Santíssima, através de todos os séculos e por todas as gerações.
Após de consultar Bispos, padres e leigos, os responsáveis religiosos decidiram chamar o monumento pelo nome de Nossa Senhora do Líbano. A opinião de vários engenheiros e arquitetos deu como resultado a escolha do lugar chamado “ O Rochedo”, na pequena aldeia de Harissa, para construir nele o monumento. Este Rochedo é uma maravilhosa colina com vista belíssima ao mar e a Beirute. Além disso, o lugar escolhido fica perto da Nunciatura Apostólica, de Bkerke, residência do Patriarca Maronita, de Charfe, residência do Patriarca sírio-catolico e não longe de Bzummar, residência patriarcal dos Armênios católicos.
Podemos crer que a providencia inspirou aos responsáveis a escolha desta colina que simboliza, por sua beleza, a magnificência e a santidade da Virgem Maria, Senhora do Líbano. Neste lugar alto eleva-se um belo Santuário com uma estatua artística da mãe de Deus, a Imaculada Conceição.
A estatua feita de bronze e pintada de branco, veio de França, a cidade de Leon. Sua altura é de 8 metros e meio, com 5 metros de diâmetro e pesa quinze toneladas. Uma verdadeira obra prima de extraordinária beleza A Virgem com as mãos estendidas e abertas para o mar (Bahia de Junieh) e a capital Beirute.
A base da estatua foi construído de pedra natural, a sua altura é de 20 metros, sua circunferência inferior é de 64 metros e a superior de 12 metros. Uma escada em colimação de 110 degraus leva os peregrinos até o cume aos pés da estatua.
Terminada a construção do Santuário e as praças preparadas, a inauguração foi marcada para o primeiro domingo de maio de 1908. Desde a madrugada daquele dia histórico, inumeráveis multidões chegavam de toda parte do Líbano com as suas bandeiras e confrarias. Assim, todas as praças, as ruas e todos os lugares vizinhos estavam transbordando de fieis devotos à Virgem Maria . As dez horas, o Núncio Apostólico Frediano Gianini começou a cerimônia religiosa, benzendo o Santuário e a estatua.
Em seguida, o Patriarca Elias Hoyek com vários Bispos e sacerdotes celebraram a missa Pontifical. O Governador geral do Líbano foi representado pelo Comandante chefe do exercito libanês, Barbar Khazen. Em seu sermão o Patriarca destacou sobre tudo o amor e a devoção particular dos Libaneses para a Virgem Maria, através de todos os tempos.
No final do Oficio divino, a cerimônia foi encerrada por uma procissão do Ícone de Nossa Senhora do Líbano na grande praça do Santuário. Naquele momento O Patriarca declarou que o primeiro Domingo de Maio será a festa anual de Nossa Senhora do Líbano.
Oração a Nossa Senhora do Líbano:
Ó Maria, rainha dos montes e dos mares, Senhora do nosso querido Líbano, cuja glória te foi dada, tu quiseste que ele seja o teu símbolo.
O teu brilho supera o da neve do Líbano e o perfume da tua pureza espalha-se como o perfume das flores do Líbano. Tu te elevaste majestosa como o cedro do Líbano.