Doutrina

Sábado Santo ou Sábado de Aleluia – “De Vigilia Paschali”

Paramentos Litúrgicos

Sábado de Aleluia, ou Sábado Santo, é o dia em que se lembra do tempo em que Jesus permaneceu morto, depois de ter sido crucificado. Essa data é comemorada por muitos cristãos no dia antes da Páscoa, que é a celebração da ressurreição de Jesus.

O nome Sábado de Aleluia vem da tradição na Igreja Católica de não dizer “aleluia” na missa durante a Quaresma. No fim do Sábado de Aleluia, finalmente se diz aleluia, para anunciar o início da Páscoa.

O Sábado de Aleluia foi um dia de grande tristeza para os discípulos de Jesus. No dia anterior, Jesus tinha sido condenado e morto em uma cruz. Jesus tinha avisado que isso precisava acontecer, mas eles não tinham compreendido e ainda não sabiam o fim da história. Sua esperança tinha sido destruída.

Quando Jesus foi preso, os discípulos tinham todos fugido, abandonando-o. Agora Jesus, o salvador que deveria mudar o mundo, estava morto e sepultado e eles estavam humilhados e destroçados. Tudo parecia perdido.

Jesus tinha sido sepultado à pressa ao fim do dia na sexta-feira, porque o sábado era um dia de descanso para os judeus. Nesse dia, não deveriam fazer nenhum trabalho. Por isso, os discípulos ficaram em casa nesse dia (Lucas 23: 54-56). Mesmo assim, os sacerdotes do templo enviaram um destacamento de guardas para vigiar o túmulo e impedir que os discípulos roubassem o corpo.

Esse sábado foi um dia de silêncio e espera. Parecia não haver solução mas, no dia seguinte, o maior milagre de todos aconteceu: Jesus ressuscitou!

O Sábado de Aleluia nos lembra que Jesus morreu de verdade. Não foi uma farsa. Jesus morreu, assim como todos nós um dia também teremos de morrer. Sua identificação com a humanidade foi completa, até na morte. Mas Jesus foi um passo mais além.

Ninguém poderia ter sobrevivido à crucificação, junto com a perda de tanto sangue. Jesus esteve mesmo morto no Sábado de Aleluia. Mas Jesus venceu a morte! Seu sacrifício na cruz foi perfeito e quebrou o poder da morte, trazendo salvação a todos que creem nele (1 Tessalonicenses 4: 13-14).

Cerimônias no Sábado Santo:

A vigília pascal

No sábado santo honra-se a sepultura de Jesus Cristo e a sua descida ao Limbo, e, depois do sinal do Glória, começa-se a honrar a sua gloriosa ressurreição.

A noite do sábado santo é especial e solene, é denominada também como Vigília Pascal.

A Vigília Pascal, era antigamente à meia-noite, mas depois foi mudada para ser a partir das 20 horas, no entanto, ela não pode começar antes do início da noite e deve terminar antes da aurora do domingo.

É considerada “a mãe de todas as santas Vigílias” (S. Agostinho, Sermão 219: PL 38, 1088. 1).

Nela a Igreja mantém-se em vigília, à espera da Ressurreição do Senhor. E celebra-a com os sacramentos da Iniciação cristã.

Esta noite é “uma vigília em honra do Senhor” (Ex 12,42).

Assim ouvindo a advertência de Nosso Senhor no Evangelho (Lc 12, 35), aguardamos o retorno do Senhor, tendo nas mãos lâmpadas acesas, para que ao voltar nos encontre vigilantes e nos faça sentar à sua mesa.

A vigília desta noite é dividida do seguinte modo:
1º – A celebração da luz;
 – A meditação sobre as maravilhas que Deus realizou desde o início pelo seu povo, que confiou em sua palavra e sua promessa;
 – O nascimento espiritual de novos filhos de Deus através do sacramento do batismo;
 – E por fim a tão esperada comunhão pascal, na qual rendemos ação de graças a Nosso Senhor por sua gloriosa ressurreição, na esperança de que possamos também nós ressurgir como Ele para a vida eterna.

Benção do lume novo

As luzes da igreja estão todas apagadas. Do lado de fora está um fogareiro preparado pelo sacristão antes do início das funções, com a faísca tirada de uma pedra.

Junto está uma colher para recolher as brasas e colocá-las dentro do turíbulo. Então o celebrante abençoa o fogo e o turiferário recolhe algumas brasas bentas e as coloca no turíbulo.

A benção se originou na Gália (França). O costume de extrair fogo golpeando uma pedra provém da antiguidade germânica. A pedra representa Cristo, “a pedra angular” que, sob os golpes da cruz, jorrou sobre nós o Espírito Santo.

O fogo novo, representativo da Ressurreição de Nosso Senhor, luz Divina apagada por três dias, que há de aparecer ao pé do túmulo de Cristo, que se imagina exterior ao recinto da igreja, e resplandecerá no dia da ressurreição.

Este fogo deve ser novo porque Nosso Senhor, simbolizado por ele, acaba de sair do túmulo.

Essa cerimônia era já conhecida nos primeiros séculos. Tem sua origem no costume romano de iluminar a noite com muitas lâmpadas. Essas lâmpadas passam a ser símbolo do Senhor Ressuscitado dentro da noite da morte.

O círio pascal

Este talvez seja o único objeto litúrgico que pode ser visto apenas por quarenta dias. Surge no início da vigília pascal e no dia da Ascensão do Senhor desaparece.

O círio pascal é símbolo da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a evocação de Cristo glorioso, vencedor da morte.

Originalmente o círio tinha a altura de um homem, simbolizando Cristo-luz que brilha entre as trevas. Os teólogos enriqueceram-no com elementos simbólicos.

Um acólito traz ao celebrante o círio pascal, que grava no mesmo as seguintes inscrições:

 – Uma cruz. Dizendo: “Cristo ontem e hoje. Princípio e fim”.

 – As letras Alfa e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego. Isso quer significar que Deus é “o principio e o fim de tudo”, que tudo provém de Deus, subsiste por causa dele e vai para ele: “Alfa e Ômega”.

 – Os algarismos, colocados entre os braços da cruz, marcando as cifras do ano corrente. É para expressar que Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, é o princípio e o fim de tudo, o Senhor do tempo, é o centro da História e a Ele compete o tempo, a eternidade, a glória e o poder pelos séculos, a ele oferecemos este ano e tudo o que nele fizermos; “A ele o tempo e a eternidade a glória e o poder pelos séculos sem fim. Amém”.

 – Cinco grãos de incenso em forma de cravos, nas cinco cavidades previamente feitas no meio do círio, dispostas em forma de cruz. Esse cerimonial simboliza as cinco chagas de Nosso Senhor nas quais penetraram os aromas e perfumes levados por Santa Maria Madalena e as santas mulheres ao sepulcro.

O incenso é uma substância aromática que queimamos em louvor a Deus. Sua fumaça, subindo, simboliza nosso desejo de permanente união com Ele e de que nossa vida, nossas ações e nossas orações sejam agradáveis ao Senhor.

A fumaça representa também, nossa oração, que desejamos chegue a Deus, como suave perfume de amor.

Esses grãos simbolizam ainda as cinco chagas gloriosas do Cristo Ressuscitado que lhe possibilitaram amar-nos totalmente, conforme Ele mesmo dissera: “Não há maior amor do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15, 13): “Por suas santas chagas, suas chagas gloriosas, Cristo Senhor nos proteja e nos guarde. Amém”.

O sacerdote acende depois o círio, no fogo novo por ele abençoado. O círio servirá para dar lume às demais velas e à lamparina do santuário.

A procissão feita com o Círio Pascal

Após a cerimônia de preparação do Círio Pascal, é ele solenemente introduzido no templo por um diácono que por, três vezes, ao longo do cortejo pela nave central, canta elevando sucessivamente o tom: “Lumen Christi” (Eis a luz de Cristo).

O coro e o povo respondem: “Deo gratias”. (Graças a Deus). Em cada parada, aos poucos, vão sendo acesas as velas.

Na primeira parada é acesa a vela do celebrante; na segunda, feita no meio do corredor central, são acesas as velas dos clérigos; na terceira vez por fim, se acendem as velas dos assistentes que comunicam as chamas do círio bento até toda a igreja estar iluminada.

As velas são acesas no Círio Pascal, pois nossa luz vem de Cristo.

O diácono, que vem vindo, é, portanto, mensageiro e arauto da nova auspiciosa. Anuncia ao povo a Ressurreição de Cristo, como outrora o Anjo às santas mulheres.

As palavras “Lumen Christi”, significam que Jesus Cristo é a única luz do mundo.

A procissão, que se forma atrás do Círio Pascal é repleta de símbolos.

É alusão às palavras de Nosso Senhor: “Eu Sou a Luz do mundo. Quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12; cf. Jo 9,5; 12,46).

O círio, conduzido à frente, recorda a coluna de fogo pela qual Javé precedia na escuridão da noite o povo de Israel ao sair da escravidão do Egito e lhe mostrava o caminho (Ex 13, 21).

O cristão é aquele que, para iluminar, se deixa consumir, que em sua luz acende outras, dando sua própria, vida, como ensinou e o fez Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Jo 15,13).

O Precônio pascal

Ao término da procissão, na qual se introduz o Círio no interior do Templo, é ele colocado em local apropriado.
Com a vela acesa na mão renovamos nossa fé, proclamando Jesus Cristo como sendo a Luz do mundo que ressurgiu das trevas para iluminar nosso caminho.

Lembras-se aqui também que, por vocação todo cristão é chamado a ser também luz, como o próprio Cristo nos diz: “Vós sois a luz do mundo. Que, portanto, brilhe vossa luz diante dos homens, para que as pessoas vejam vossas boas obras, e glorifiquem vosso Pai que está nos céus!” (Mt 5,14.16).

O diácono, após incensar o círio e o livro, canta o Precônio Pascal (Praeconium pascale, significa anunciação da páscoa), em que se exaltam os benefícios da Redenção, e que é um belo poema, fruto de uma meditação realizada a partir da vela, contemplando o trabalho das abelhas e o material para a confecção da vela, o significado da luz ao longo da história de Israel e, de modo especial, sobre Jesus, a Luz do mundo.

As palavras deste hino são atribuídas a Santo Ambrósio e Santo Agostinho.

É esse canto o antigo lucernário da vigília pascal. O nome lucernário foi dado às orações que se diziam na reunião litúrgica ao acenderem-se as luzes ao anoitecer.

Dai em diante o Círio Pascal estará aceso em todas as funções, durante quarenta dias, recordando a permanência na terra de Cristo ressuscitado.

O Círio será retirado do presbitério no dia da Ascensão, isto é, no momento em que Jesus Cristo ressuscitado sobe ao céu.

Leitura das profecias

Nos primórdios da Igreja, aqui estava como que o centro da Vigília, antes da Missa Pascal.

Nesta hora, aproximavam-se os catecúmenos, para receberem o Batismo.

A fim de ocupar a atenção dos fiéis e para maior instrução dos catecúmenos, liam-se na tribuna passos da Sagrada Escritura apropriados ao ato. Eram as doze profecias, como que um resumo histórico da religião: criação, dilúvio, libertação dos israelitas, oráculos messiânicos.

Atualmente são feitas apenas nove leituras, sete do Antigo Testamento e duas do Novo.

Para cada leitura, há uma oração, com cântico ou salmo responsorial. Após a sétima leitura, são acesas as velas do altar a partir do Círio Pascal e o sacerdote entoa o canto do Glória in excelsis Deo, com acompanhamento de instrumentos musicais e de sinos, que ficaram calados durante todo o tríduo sagrado. A Igreja, portanto, entra inteira na alegria pascal.

Logo em seguida é feita a primeira leitura, do Novo Testamento (Rm 6,3-11), que é sobre o Batismo.

Após o término das leituras, o sacerdote entoa o canto solene do “Aleluia”, quebrando o clima de tristeza que acompanhava o tempo da quaresma. Esse canto solene, repetido gradativamente três vezes em tom cada vez mais alto, representa a saída de Cristo da sepultura e expressa o crescente júbilo pela vitória do Senhor.

Por fim, proclama-se um trecho do evangelho sobre a Ressurreição de Jesus, levando-se em consideração o ciclo anual de A, B e C.

Eis as leituras todas: 1ª leitura: Gn 1,1-2,2 (ou 1,1.26-31a); 2ª leitura: Gn 22,1-18 (ou 22,1-2.9a.10-13.15-18); 3ª leitura: Ex 14,15-15,1; 4ª leitura: Is 54,5-14; 5ª leitura: Is 55,1-11; 6ª leitura: Br 3,9-15.32-4,4; 7ª leitura: Ez 36,16-17a.18-28; 8ª leitura: Rm 6,3-11; Evangelhos (9º texto): a) Ano A: Mt 28,1-10; b) Ano B: Mc 16,1-12; c) Ano C: Lc 24,1-12.

Benção da pia batismal

Terminada a leitura das Profecias, vai o Clero para a pia batismal.

Na frente do cortejo, a cruz e o círio pascal, símbolos de Cristo que deve alumiar a nossa peregrinação terrena, como em outras eras a nuvem luminosa norteava o rumo dos israelitas no deserto.

O celebrante abençoa a água num magnífico prefácio em que são lembradas as maravilhas que Deus quis operar por meio da água; depois, com a mão divide em quatro partes a água já purificada, e derrama algumas gotas nos quatro pontos cardeais.

Na pia batismal, mergulha-se, por três vezes, o Círio Pascal, simbolizando o poder regenerador que Jesus Ressuscitado dá a essa água e, também, nossa participação em seu mistério pascal, no qual morremos ao pecado e ressuscitamos para a vida da graça.

Ainda é colocada nessa pia com água batismal um pouco do óleo dos catecúmenos e do santo crisma. Essa água será usada nos batizados ao longo do ano e na aspersão do povo.

Quando não há batismo-confirmação, sempre se benze a água, que é levada solenemente até a pia batismal.

Antigamente, após os ritos preparatórias, era administrado o batismo solene aos catecúmenos (os que se iniciavam na fé cristã) e que, durante três anos, estavam, num processo intenso de preparação para ingressar na Igreja, com um rigor maior na Quaresma e na Semana Santa. E findos os ritos preparatórios, os catecúmenos eram levados ao lugar onde receberiam o Batismo.

Esta cerimônia recorda a aspersão dos fiéis que o celebrante faz através da igreja, com a água acabada de benzer.

Depois da benção da Pia Batismal, o cortejo volta ao coro cantando a “Ladainha de todos os Santos” para recordar os que viveram com fidelidade a graça batismal.

Chegados ao pé do altar, o celebrante e seus ministros prostram-se para meditar ainda na morte e sepultura de Nosso Senhor.

A apresentação dos candidatos à comunidade e o canto da ladainha de Todos os Santos mostram a universalidade da Igreja.

O final do Sábado Santo, com seus três aspectos do mesmo e único mistério pascal, morte, sepultamento e ressurreição de Jesus, está no ápice do Tríduo Pascal.

Primeiro está a morte na Sexta-feira; depois Jesus no túmulo, no sábado; e, em seguida, a ressurreição, no Domingo, iniciada, porém, na noite de sábado, na Vigília Pascal.

Missa solene

A missa é a primeira das duas que são cantadas na páscoa.

Esta celebração mostra um caráter de extremo júbilo e magnificência, em forte contraste com a mágoa intensa da sexta-feira santa.

Vemos agora os altares e os dignatários paramentados em grande gala. Ouvem-se as notas alegres do Gloria in excelsis, unidas ao repicar festivo dos sinos.

O aleluia que não era ouvido desde o início da quaresma, volta a ser entoada após as leituras.

Essa é na realidade a missa da madrugada da Páscoa.

É por assim dizer, a aurora da ressurreição.

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