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TRADIÇÃO E FÉ – ARTIGO ESCRITO PELA CATEQUISTA MÔNICA ROMANO

Paramentos Litúrgicos
O tripé em se apoia a Igreja Católica Apostólica Romana é formado pelas Escrituras, Tradição e Magistério.

Hoje quero me ater a um deles, a tradição.

E apoiando-me nas Escrituras, encontro como texto principal para embasamento o que São Paulo escreve aos Tessalonicenses  em sua segunda epístola : “Assim, pois , irmãos ficais inabaláveis e guardai firmemente as tradições que vos ensinamos de viva voz ou por carta” 2 Ts 2,15.

Bem, sabemos que o cânon da Igreja Católica, escolheu quatro Evangelhos como base dos ensinamentos de Jesus Cristo e dignos de fé e verdade. Sendo eles Mateus, Marcos, Lucas e João.  Destes sabemos que Mateus e João foram oculares e estiveram presentes em muitos dos fatos narrados, Marcos em alguns tendo recebido todas as informações de Pedro de quem era também discípulo. São Lucas não esteve presente em nenhum dos fatos narrados, mas pesquisou com seriedade junto as pessoas mais importantes da vida de Jesus, sendo uma delas Sua Mãe, a Virgem Maria que lhe forneceu detalhes importantes sobre o nascimento e infância de Jesus. Juntando as narrativas, Lucas também consultou os fatos históricos da época, e hoje temos um dos mais detalhados Evangelhos, somente nele encontraremos a narrativa do Natal, as mulheres, tão importantes na vida de Jesus, uma coleção de parábolas que nos levam a reflexão, assim como levou também os que ouviam Jesus nos montes.

Digo isso apenas para informar que em relação as informações os quatro se completam, e a intenção primordial dos evangelistas era a de simplesmente passar os ensinamentos de Jesus, era de catequizar-nos a fim de conquistarmos a salvação. Não se preocuparam em fazer uma biografia detalhada da vida de Jesus.

Mas como fica quando alguém com a Bíblia na mão nos questiona, “ me mostre onde está o nome de Verônica  aqui nas Escrituras”, “onde está o nome dos ladrões crucificados com Jesus”?… e assim por diante.

Se você já passou por esta situação e se viu em maus lençóis , respire fundo e não entre em desespero se não encontrar, e não encontrará mesmo, pois não está lá.

Algumas passagens, algumas devoções só se encontram na TRADIÇÃO. Não esqueçamos que o magistério da Santa Madre Igreja é o único com poder de interpretar  as Escrituras, e se nos confia a tradição de certas devoções não existe motivo para erradica-las pelo simples fato de não estarem citadas nas Escrituras, que aliás foram determinadas pela Igreja.

Abaixo citarei apenas algumas das mais curiosas;

A Sexta estação da Via Crucis- Verônica enxuga o rosto de Jesus.

Ninguém jamais encontrará o nome “Verônica “  descrito na narrativa da crucificação, pois neste caso não se refere ao nome da mulher que enxuga o rosto de Jesus, e sim ao rosto impresso no véu. Verônica significa “ verdadeiro ícone” em latim, ou seja verdadeira imagem  do rosto do Senhor Jesus Cristo.  A personagem identificada neste contexto trata-se da mulher cujos relatos encontramos em Lucas e Mateus, que foi curada de uma hemorragia intensa, e devido a sua enorme fé, ao tocar as vestes de Jesus foi imediatamente atendida. Seu nome é Berenike ou Beronike, ( Berenice).

No Evangelho de São Lucas encontramos o relato do encontro de Jesus com as mulheres de Jerusalém, “Filhas de Jerusalém, não chorem por mim; chorem por vocês mesmas e por seus filhos!  Pois chegará a hora em que vocês dirão: “ Felizes as estéreis, os ventres que nunca geraram e os seios que nunca amamentaram!” Lc 23,28-29.

Os nomes dos ladrões crucificados ao lado de Jesus

Os Evangelhos apócrifos são fonte de muitas devoções e tradições da fé cristã. Nem todos os momentos da vida de Jesus estão relatados nos Evangelhos, existem muitas lacunas a serem fechadas e esclarecidas. O fato de Igreja não dar respaldo aos Evangelhos apócrifos são o contexto de lendas e várias circunstâncias que carecem de verdade, são estórias difíceis de serem comprovadas suas verdades.

Não encontraremos os nomes dos dois ladrões que foram crucificados com Jesus nas Escrituras, seus nomes são nos dados através do Evangelho apócrifo de São Nicodemos, datado do século III, e identifica os dois como sendo Dimas e Gestas ( ou Simas ).

Lázaro, o leproso

Aqui em Belo Horizonte onde eu vivo existe até uma igreja , que não é Católica Apostólica Romana, mas que se intitula Católica Brasileira “SIC”, muito procurada por quem quer um sacramento de mentirinha, como batismo, matrimônio, crisma  e assim por diante. Cujo o padroeiro é este Lázaro, que não é o de Betânia citado no Evangelho de São João.

Faço um adendo, minha intenção não é ofender aos frequentadores da igreja em questão, mas no sentido de uma correção fraterna. As pessoas que procuram esta igreja sabem que a verdadeira Igreja de Cristo é a Igreja Católica, mas não estão dispostos a seguir suas regras e suas verdades, então, se são divorciados e querem casar-se novamente, procuram-na, pois lá o “padre” que não é padre faz o casório, se querem batizar o filho e não querem dar maiores explicações à Igreja, se socorrem nesta igreja, se querem se crismar rapidinho sem curso nem nada, é só ir lá que o padre distribui assim de graça… Não é sacramento, é apenas um faz de conta, assim como seu padroeiro que não é reconhecido historicamente.

Este Lázaro, leproso, é personagem de uma parábola contada por Jesus para explicar o que está destinado aos filhos do pai Abraão, ou seja a Salvação, se eles assim o quiserem, e o que está destinado àqueles que desprezarem os pedidos de Deus, a condenação, e ainda mais, esta belíssima catequese nos mostra a impossibilidade de comunicação com os mortos, para isso existe a Lei, existe a escritura.

A flor que nasceu na vara de São José

A tradição popular nos conta que muitos eram os pretendentes a mão de Maria. José era um destes pretendentes, descendente da casa de Davi, Mt 1,16-17.  A todos foi proposto o seguinte, que cada um deixasse sua vara para obter um sinal milagroso, este seria o escolhido.

E a vara de José foi a que apresentou o sinal, nela fez nascer flores. Esta narrativa encontra-se no proto-Eavangelho de São Tiago, um livro apócrifo . Na linguagem bíblica do Antigo Testamento, a vara é o ramo florescente da amendoeira que Deus fez brotar para escolher o sumo sacerdote Aarão como custódio do tabernáculo. Nm 17,16.

Agora você já sabe. Tem alguma história que queira partilhar? Alguma dúvida? Me conte. Vamos descobrir juntos.

 
Mônica Romano é catequista em Belo Horizonte, Minas Gerais, e colaboradora do portal Catolicismo Romano.

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