Vaticano apresenta pedido de rogatória para Itália
A Cidade do Vaticano apresentou hoje, dia 2, um pedido de cartas rogatórias internacionais à Itália, para a investigação sobre dom Nunzio Scarano, o contador da Administração do Patrimônio da Sede Apostólica (APSA), órgão que administra o capital imobiliário do Vaticano.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, confirmou que o promotor de justiça do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano, Giampiero Milano, "apresentou pelas vias diplomáticas habituais uma carta rogatória para a Procuradoria da República de Roma, para obter a colaboração da Justiça italiana no procedimento aberto contra dom Scarano, permanecendo na jurisdição do Estado da Cidade do Vaticano". O pedido de rogatória do Vaticano para Itália é algo não usual.
O próprio promotor de justiça do Vaticano – que decidiu sobre o congelamento dos fundos de dom Scarano depositados no Instituto para as Obras de Religião (IOR) – está sendo investigado por duas procuradorias italianas. Naquelas ocasiões o Vaticano tinha anunciado que suas autoridades teriam continuado a investigar as transações financeiras suspeitas. Scarano, 61 anos, foi preso em julho junto com um agente do serviço secreto italiano e com um operador financeiro. Os três são acusados de tentar transportar 20 milhões de euros (cerca de R$ 56 milhões) em dinheiro da Suíça para a Itália em um avião executivo particular.
O prelado já tinha sido suspenso pelo Vaticano de todos os seus cargos depois que a promotoria de Salerno divulgou que ele estava sendo investigando por lavagem de dinheiro. Scarano era conhecido como "dom 500", em referência à nota de 500 euros (cerca de R$ 1460) que levava sempre na carteira e que gostava de mostrar para as pessoas que encontrava.