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Vaticano indicia jornalistas que usaram documentos vazados

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A Justiça do Vaticano indiciou cinco pessoas no inquérito sobre o "Vatileaks 2", que apura o vazamento de documentos confidenciais de órgãos da Santa Sé. Entre elas estão os jornalistas italianos Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi, autores de dois livros lançados recentemente e baseados em arquivos secretos.

 

Todos os envolvidos responderão por "divulgação de notícias e documentos reservados", podendo pegar de quatro a oito anos de prisão. Os outros indiciados são o monsenhor espanhol Ángel Vallejo Balda e os consultores italianos Francesca Chaouqui e Nicola Maio, todos ex-funcionários da Comissão de Estudos sobre as Atividades Econômicas do Vaticano (Cosea), órgão criado pelo papa Francisco em 2013 para monitorar as contas da Igreja, mas já dissolvido.

 

Desses três, apenas o nome de Maio era desconhecido. Já Balda está preso no Vaticano, enquanto Chaouqui foi libertada por aceitar colaborar com as investigações. A primeira audiência do processo será na próxima terça-feira (24). Se os réus não aparecerem, eles serão julgados à revelia. Com exceção do monsenhor, que está detido, os outros só poderiam ser obrigados a participar das audiências caso fossem extraditados, já que vivem em outro país, a Itália.

 

"Estou incrédulo, não é um processo contra mim, mas contra a liberdade de informação", disse Emiliano Fittipaldi, autor de "Avarizia" ("Avareza"), livro que, baseado em documentos confidenciais, traça os primeiros mapas do império financeiro da Santa Sé e denuncia gastos luxuosos por parte de membros do clero.

 

Entre outras coisas, o volume conta como centenas de milhares de euros foram gastos em voos de classe executiva, roupas sob medida e móveis de luxo. Outra denúncia acusa o Instituto para as Obras de Religião (IOR) de segurar quantias destinadas a ações de caridade. "Em todo o mundo, os jornalistas têm o dever de publicar notícias e segredos que o poder, qualquer que seja ele, quer manter escondidos da opinião pública", acrescentou Fittipaldi.

 

Já o outro jornalista indiciado, Gianluigi Nuzzi, é autor de "Via Crucis", que relata os duros ataques de Francisco contra os dirigentes que comandaram as finanças da Santa Sé nos anos anteriores à sua chegada ao poder. "Os custos estão fora de controle", "Há armadilhas" e "Se não sabemos cuidar do dinheiro, como cuidaremos da alma dos fiéis?" são algumas das frases atribuídas a Jorge Bergoglio.

 

Ambos os livros estão na lista dos mais vendidos na Itália e mostram arquivos secretos da Cosea. O episódio fez com que o menor país do mundo revivesse o clima do "Vatileaks", de 2012, quando arquivos sigilosos foram levados à imprensa e abalaram o Pontificado de Joseph Ratzinger. O escândalo teve como pivô o mordomo de Bento XVI, Paolo Gabriele.

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