“Verbum Domini” é o título da exposição que é inaugurada no Vaticano, na ala Carlos Magno
"Verbum Domini" é o título da exposição que foi inaugurado no Vaticano, na ala Carlos Magno. Mais de 150 objetos de relevância histórica, provenientes da coleção Green – a maior coleção privada no mundo de textos e documentos bíblicos raros – e de coleções privadas de vários países.
Promovida pelo Pontifício Conselho para a Cultura, a iniciativa foi apresentada à imprensa, na sede da Rádio Vaticano.
Uma exposição inter-religiosa e ecumênica, gratuitamente aberta ao grande público, para aproximar os visitantes à história da Bíblia, aprofundar as raízes comuns da fé cristã e judaica, recordar a obra daqueles fiéis que ao longo dos tempos entraram em contato com este Livro Sagrado para conhecê-lo, traduzi-lo e transmiti-lo.
Dentre as peças em exposição ressaltamos o Codex Climaci Rescriptus, uma das Bíblias mais antigas do mundo, na língua materna de Jesus, o aramaico palestino. E ainda, a estela de Jeselsohn (ou visão de Gabriel), uma pedra de cerca de um metro de altura, descoberta na Jordânia próximo ao Mar Morto, com 87 linhas de texto em hebraico do Séc. I a.C.
A exposição apresenta um percurso fascinante enriquecido por ambientes sugestivos, como as Grutas de Qumran – onde foram reencontrados os Rolos do Mar Morto – ou a reprodução da tipografia de Gutemberg. Mas sobre a exposição eis o que nos disse o subsecretário do Pontifício Conselho para a Cultura, Mons. Melchor Sánchez de Toca, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Mons. Melchor Sánchez de Toca:- "A Bíblia, como a Exortação Verbum Domini a definiu, é o grande Código da cultura ocidental, o grande Livro que modelou a nossa cultura: não somente as expressões artísticas, mas também as grandes categorias do pensamento, o conceito de pessoa, das relações entre as pessoas, a vida em comunidade, a gastronomia popular, o folclore…"
RV: A Bíblia é, talvez, um texto ainda pouco conhecido?
Mons. Melchor Sánchez de Toca:- "É uma história longa e complexa. No mundo católico muito se deve ao fato que as traduções nas línguas modernas são relativamente recentes. Porém, não se pode esquecer o passo gigantesco dado na Igreja inteira após o Concílio Vaticano II, que propôs aos fiéis grandes partes da Bíblia na missa dominical e ferial. Hoje, praticamente, no espaço de três anos se lê toda a Escritura."
RV: Mas qual o valor dessa exposição? Quem nos responde é o especialista em manuscritos antigos e medievais Scott Carroll, diretor da coleta original, iniciada em 2009, que reúne 50 mil peças:
Scott Carroll:- "A Bíblia é certamente o Livro mais importante que já foi escrito. Em segundo lugar, essa exposição reúne exemplares maravilhosos de coleções privadas de judeus, greco-ortodoxos, católicos e protestantes, que ilustram como as diferentes confissões colaboraram para preservar a Bíblia. Essa exposição é a demonstração do trabalho de colaboração inter-religiosa de pessoas dedicadas ao Livro e, ao mesmo tempo, ilustra também que a Bíblia não se conservou somente graças a instituições maravilhosas ou às Igrejas, mas também graças a colecionadores privados do mundo inteiro. Todos os exemplares são de notável efeito." (RL)