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Fiéis, sacerdotes e bispos se despedem do Cardeal Giacomo Biffi

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Todos os bispos da Emilia-Romagna estiveram ontem, 14, na catedral de São Pedro em Bolonha, para despedir-se do cardeal Giacomo Biffi, falecido no dia 11 de Julho, após uma longa doença. Com ele também vários sacerdotes da Igreja de Bolonha, o presidente da Conferência Episcopal italiana, Angelo Bagnasco, o arcebispo emérito de Milão, o cardeal Dionigi Tettamanzi, e os representantes das várias instituições civis.

Uma cerimónia solene, um funeral digno de um "grande homem da Igreja", como o clero e o povo sempre o chamaram, apaixonado pela “bela Esposa” que era a Igreja bolonhesa, “que o Papa lhe tinha confiado” e que guiou por mais de vinte anos (1984-2003), como recordou o arcebispo Carlo Caffara em sua homilia.

Mas Biffi foi também teólogo de rara e lúcida profundidade, um cardeal franco que não recuou quando teve que expressar críticas à Igreja de Bolonha e universal. Acima de tudo foi uma sincera testemunha da fé. Sempre. Mesmo quando a difícil doença prevaleceu, no mês de maio passado, com a dolorosa amputação de uma perna.

"O bispo Giacomo foi mestre de fé também na longa tribulação da doença”, destacou Caffarra. "Nunca me esquecerei da forma como aceitou a amputação de uma perna. O rosto irradiava serenidade, paz, abandono”. Para o cardeal “a fé tinha se tornado vida no sentido mais profundo”. Uma fé fortemente apoiada em Jesus Cristo para quem vivia como em uma espécie de “concentração”: “Construiu a sua vida, o seu pensamento teológico, o seu ministério pastoral sobre a rocha daquela profissão: o Cristo, o Filho do Deus vivo”, disse o prelado. Isso "não só não o distraía da história humana, mas no seu cristocentrismo encontrava a chave interpretativa última”.

A mesma atitude o cardeal reivindicada para a ‘sua’ igreja de Bolonha: "Sentia como uma espécie de ciúme para que a esposa não olhasse com desejo outros além de Cristo”, disse Caffarra, explicando que “desse místico ciúme” nascia “a proteção deste rebanho santo de Bolonha dos erros, demonstrando-os – às vezes de forma dura – a íntima inconsistência".

Biffi também, "tinha um conceito muito elevado do diálogo”, e “desprezava profundamente aqueles que o praticavam ou como esforço para reduzir todos a um mínimo denominador comum ou como perda de tempo da conversa de bar”. Por isso tinha “uma grande veneração pela fé dos pequenos, dos simples, e não permitia que fosse minimamente fragilizada por teologias sedutoras”. Fulcro do seu ministério foi, de fato, "o exercício da caridade com aqueles que sofriam as dificuldades de todos os tipos, também econômicas”, embora se tal aspecto permaneceu pouco conhecido para a maioria.

O cardeal Caffara abandonou-se, assim, às memórias pessoais, lembrando como mais de uma vez pode constatar que quando o seu antecessor “falava do desenho de Deus dentro da história humana, era tomado por uma espécie de fascinação que o maravilhava. Um religioso, visitando-o nos últimos dias, maravilhado pela sua serenidade e paz interior, perguntou-lhe a razão.

Respondeu: ‘A consideração da unitotalidade que aprendi lendo os teólogos russos’. Ou seja, a consideração de que tudo está integralmente e simultaneamente sob o olhar da misericórdia de Deus".

Este olhar para além da realidade, este desprendimento místico, dava ao cardeal "uma grande liberdade de juízo". O seu lema era, de fato, "Ubi fides, ibi liberta", e isto, tanto com relação aos faltos presentes quanto aos passados”, como também “do ponto de vista rigorosamente histórico”.

Pode-se dizer, então, ecoando as palavras de São Máximo, o Confessor, que "nosso bispo Giacomo nos ensina a pensar tudo através de Jesus Cristo, e Jesus Cristo através de tudo", disse o Arcebispo de Bologna. "E só Deus sabe o quanto que hoje, na nossa Igreja italiana, precisamos de uma fé capaz de gerar um juízo sobre os acontecimentos”, acrescentou.

O cardeal Biffij, portanto, voltou para a casa do Pai, enterrado na cripta da catedral como expressamente pediu; a Igreja, porém, – concluiu Caffarra – “não pode, não deve perder a sua memória, mas deve guardar as suas lembranças fielmente”.

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